Flipper Zero: entenda os problemas do dispositivo que hackeia carros

O Flipper Zero parece um aparelho inofensivo. Pequeno, com uma tela laranja que exibe a imagem de um simpático golfinho, além de poucos botões, ele até lembra uma versão mais sofisticada dos bichinhos virtuais, ou Tamagotchi. Entretanto, o dispositivo foi proibido no Brasil pela Anatel, e é fácil encontrar vídeos dele sendo utilizado para abrir carros.

As maiores vítimas das invasões são os carros da Tesla. Não é raro ver modelos da fabricante de Elon Musk sendo alvo de pegadinhas em vídeos, com as portas sendo abertas, ou o porta-malas e outras partes da carroceria. Mas como um aparelho tão pequeno é capaz de fazer isso?

Ideia original do Flipper Zero

Inicialmente, o Flipper Zero foi criado para ser uma pentest. Esse tipo de aparelho existe na indústria há muito tempo, e é usado para apontar possíveis falhas de segurança em diversos itens tecnológicos. No caso do aparelinho, ele é capaz de clonar radiofrequências que são emitidas pelas chaves dos carros, portões automáticos e até crachás de empresas.

Com isso, alguns hackers passaram a utilizar o Flipper Zero de uma maneira ilegal, podendo utilizar o aparelho eletrônico para abrir portas, como acontece com os carros. E se o sinal dos veículos não for tão protegido assim, com uma criptografia forte, é possível sim até ligar os modelos que contam com partida por botão.

Entretanto, normalmente as montadoras criam inúmeros códigos na hora de codificar os carros. É por isso que mesmo dois automóveis iguais, que saíram juntos da linha de produção, não podem ser abertos caso as chaves sejam trocadas. Porém, caso a fabricante não tenha feito uma boa codificação, isso pode ser facilmente burlado pelo Flipper Zero ou qualquer outro aparelho similar.

No caso dos carros da Tesla, pela quantidade de vídeos que há na internet, é possível imaginar que a criptografia não seria tão forte assim. Portanto, seria necessário que a empresa atualizasse o sistema de seus veículos, para evitar que roubos acontecessem.

E isso já pode até ter sido feito, já que os modelos da fabricante recebem atualizações constantes. Por conta desse uso indevido, além dos outros citados, a Anatel achou melhor proibir a venda do Flipper Zero no Brasil, mas nos Estados Unidos, por exemplo, a agência reguladora permite a venda do aparelho. Associações americanas questionaram a proibição brasileira. Segundo elas, o dispositivo na realidade mostra as falhas de segurança, o que obriga as empresas a corrigirem o problema.

Como se proteger?

Infelizmente, não há muito o que ser feito no momento. Entretanto, não é preciso entrar em desespero e achar que seu carro será roubado. Como dito anteriormente, não é só o Flipper Zero que pode burlar a segurança dos veículos. Ele foi apenas o modelo que se tornou mais popular.

Um cuidado que sempre pode ser tomado é checar se de fato seu carro foi trancado com o acionamento do alarme, ou então pelo comando das chaves. Depois de acionar o botão, verifique as portas, e nunca tranque o veículo de costas. Dessa forma, é possível perceber que algo de errado aconteceu com ele. E caso note algo de errado, volte ao veículo ou acione a polícia. Com este cuidado simples, é possível inibir clonagens, independentemente do aparelho utilizado.   

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