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Legal é. Mas tem mercado?

O Brasil não está pronto para o quão legal o Audi A6 e-tron é | Impressões

O segmento de elétricos já é restrito, de sedans mais ainda. Mas o Audi A6 e-tron é um carro muito legal para o brasileiro entender

6 min de leitura

Agora que a Audi decidiu que seus carros a combustão vão conviver com os elétricos, a marca decidiu fazer com que os modelos a bateria tenham fortes diferenciais estéticos. O Audi A6, que sempre foi o mais careta da turma (menos quando se veste de perua esportiva), virou algo totalmente diferente com o sobrenome e-tron.

Construído sobre a plataforma modular PPE, o Audi A6 e-tron é o primeiro modelo dessa nova fase da Audi, além de ser o mais aerodinâmico da história da marca, com cx de 0.21. Por aqui, ele chega em versão única por R$ 649.990 e só com o retrovisor por câmera como opcional por R$ 20 mil. Mas você não vai querer esse retrovisor. Falo mais sobre depois.

Audi de tração traseira?

Quando pensamos em Audi, vêm à mente sempre um carro de tração dianteira ou integral do tipo quattro, mas o A6 e-tron é diferente. Seu motor elétrico de 367 cv e 57.6 kgfm de torque impulsiona as rodas de trás. Só que o comportamento continua típico da marca, ou seja, mais neutro e no chão.

Audi A6 e-tron [azul em um castelo
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

O Audi A6 e-tron é um carro muito plantado no chão, mantendo estabilidade invejável mesmo em alta velocidade. O motor elétrico faz com que as respostas sejam bem rápidas, mas ele não é bruto como seu primo Porsche Taycan. No 0 a 100 km/h, são pedidos 5.4 segundos – suficiente para te grudar no banco, mas sem um socão. 

A suspensão é mais firminha, mas mantém um bom equilíbrio para o conforto, mesmo em asfalto ruim. O mesmo vale para a direção, que é voltada à esportividade com reações mais rápidas. Mas o mais interessante é o sistema de recuperação de energia através do freio regenerativo.

Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

Atrás do volante do A6 e-tron existem dois paddle-shifts, como se ele tivesse marchas a serem trocadas. Através dessas borboletas, o motorista pode controlar o tanto que o regenerativo vai atuar, tendo dois estágios de recuperação de energia, um totalmente solto e um automático. Com isso, a autonomia de 445 km (dados do Inmetro) é ampliada.

Sem minimalismos

Ao contrário de todas as suas rivais que têm apostado em interiores minimalistas que têm tornado seus carros pobres, a Audi deixou a cabine do A6 e-tron moderna e sofisticada. Toda superfície do painel e das portas é revestida em material macio, assim como a faixa de destaque que separa o frontão em duas partes (pode ser couro ou tecido, dependendo da cor interna).

interior claro audi a6 e-tron
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

O volante de base e topo achatados tem ótima pegada, mas peca em ter comandos touch para controle de várias funções. Já o console central com plástico preto piano deixa muitas marcas de dedo, sendo as duas únicas mancadas da Audi nesse interior. Os bancos são confortáveis e abraçam bem o corpo do motorista.

Como referência na categoria, a central multimídia do Audi A6 e-tron é fácil de usar, intuitiva e tem tela voltada ao motorista. Já o painel de instrumentos, apesar de ter ótima qualidade, perdeu funções em relação ao sistema usado anteriormente, além de ser mais confuso de mexer. Destaque ainda para a central de comandos na porta com botões físicos.

Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

O passageiro dianteiro ainda conta com uma tela para entretenimento próprio, mas que é bastante inútil. Estranhamente, essa tela não tem película de proteção e deixa o motorista livremente ver o que se passa por ali. Se fosse opcional, dispensaria. Destaque ainda para a faixa de LED no topo do painel, como no Q6 e-tron. 

Ajuda e atrapalha

Lotado de recursos tecnológicos, o Audi A6 e-tron tem algo que ajuda muito e algo que atrapalha demais. O head-up display conta com realidade aumentada, fazendo uma marcação visual no para-brisa indicando que você está próximo demais do carro à frente ou qual faixa está invadindo. É simplesmente genial.

Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

Já o retrovisor com câmera é totalmente desnecessário. Mesmo com as telas posicionadas na altura certa dessa vez, elas tem monitor pequeno e não permitem dar aquela pescoçada que amplia um pouco seu campo de visão para enxergar se pode ou não entrar em uma via. E pagar R$ 20 mil por algo que atrapalha, não parece inteligente.

Espaço não tão amplo

No banco traseiro, o Audi A6 e-tron não é tão espaçoso assim. Ele é um carro enorme, com 4.92 m de comprimento, 1.48 m de altura, 2.13 m de largura e 2.94 m de entre-eixos. Mas isso não se traduziu em uma segunda fileira espaçosa. O piso traseiro é bem alto e o teto é baixo por conta do perfil cupê.

Claro que é um carro que vai acomodar os passageiros traseiros bem melhor que o e-tron GT, mas esperava mais por um carro tão grande. Já o porta-malas é enorme, com 502 litros e abertura elétrica que leva o vidro traseiro junto. O frunk (porta-malas dianteiro) carrega 27 litros a mais.

Veredicto

Custando R$ 649.990, o Audi A6 e-tron invade o território de muito SUV elétrico. Querendo ou não, o brasileiro ainda acha que SUV agrega mais valor, é mais versátil e mais legal. Como o novo modelo não é esportivo o suficiente para justificar a troca de um utilitário por ele, seu potencial de mercado é muito pequeno.

Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]
Audi A6 e-tron [Auto+ / João Brigato]

Uma pena, porque é um bom carro, muito gostoso de dirigir, bem acabado e um dos mais bonitos produtos que a Audi fez nos últimos tempos. Mas vai vender pouco porque não está na moda e o segmento de elétricos vem ficando cada vez mais concorrido e cada vez menos apreciado, até pelos ricos.

Você teria um Audi A6 e–tron? Conte nos comentários.


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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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