O avanço dos carros elétricos está cada dia mais forte. Em 2025, eles já devem representar um em cada quatro veículos novos vendidos no planeta, puxados principalmente pela China, onde mais da metade das vendas já é de modelos elétricos. Mesmo assim, os motores a combustão ainda dominam o mercado global, com expectativa de encerrar 2025 com cerca de 57% das vendas mundiais, segundo o relatório da Electric Vehicle Outlook 2025 da BloombergNEF.
Diante desse cenário, as montadoras passaram a recalcular suas estratégias, já que muitas fabricantes tinham planos agressivos para eletrificar quase toda a linha. Só que a desaceleração recente obrigou várias marcas a ajustar esses cronogramas, inclusive na Europa, que pretende banir carros a combustão a partir de 2035.
A pressão das chinesas e a necessidade de oferecer produtos acessíveis também pesaram nisso. Mesmo com estratégias elétricas, várias empresas ainda investem em motores a combustão enquanto houver espaço e demanda para eles. E por isso, o Auto+ separou cinco carros que provam que os motores a combustão ainda estão bem vivos em diversos modelos.
Porsche 911

A Porsche é um dos melhores exemplos de que motores a combustão ainda têm espaço no mercado mundial, principalmente entre os esportivos. A fabricante de Stuttgart vem avançado na eletrificação em modelos como o Taycan, Macan, o recente Cayenne e a futura linha 718.
Mesmo assim, o 911 permanece intocável. A própria Porsche já declarou que o ícone continuará a gasolina “enquanto for possível e legalmente viável”. O 911 será o último modelo da Porsche a abrir mão da combustão para justamente preservar a essência que construiu sua história.

Para estender essa vida, a Porsche então investe pesado em combustíveis sintéticos. O e-fuel surge como alternativa para tentar deixar o 911 ativo em um futuro com regras cada vez mais restritivas. A ideia é que o combustível neutro em carbono permita ao esportivo seguir em produção mesmo quando o resto da linha estiver totalmente eletrificado. E enquanto isso não muda, o 911 segue como um dos carros mais emocionantes movidos a gasolina.
Mercedes-Maybach S 680

Colocar o Mercedes-Maybach S 680 nessa lista faz ainda mais sentido quando olhamos o momento da Mercedes-Benz. A fabricante alemã vive uma transição em que quase todos os seus motores V8 já receberam algum nível de eletrificação, seja semi híbrida ou com EQ Boost.
Mesmo assim, a empresa mantém um símbolo absoluto do luxo tradicional sem eletrificação que é o Maybach S 680, que segue com o V12 6.0 biturbo puro, sem qualquer assistência elétrica. O motor entrega 630 cv e 102 kgfm e está disponível apenas em mercados selecionados, como os Estados Unidos.

A Mercedes confirmou que o V12 para a linha S continuará em produção pelo menos até 2030. Outras linhas da marca já migraram para soluções semi-híbridas ou plug-in, mas o Maybach S 680 vai seguir assim. Por fim, uma questão da Mercedes é a guinada que a montadora alemã deu recentemente e a divisão esportiva AMG admitiu ter errado na troca dos V8 para o quatro cilindros.
Por isso, a Mercedes decidiu manter a flexibilidade e preservar seus motores tradicionais por muito mais tempo. Dentro disso, a divisão AMG confirmou o desenvolvimento de uma nova geração de V8 com certo nível de eletrificação para combinar emissões menores e o som característico que os fãs não abrem mão.
Ram 1500

A Ram é mais um exemplo claro que estava indo para o lado de menos emoção e consequentemente menos venda para a volta do V8. Durante a gestão de Carlos Tavares na Stellantis, a orientação era a eletrificação. Só que a estratégia não entregou os resultados esperados e a marca perdeu força.
A participação da Ram nos Estados Unidos caiu quase pela metade desde 2021 e chegou a 11% até abril de 2025. Com a saída de Tavares e a chegada de Antonio Filosa, a marca voltou a olhar para o que realmente move seu público. E isso significa motores V8.

A resposta veio rápido. A Ram readmitiu que abandonar o V8 tinha sido um erro. O próprio CEO da marca, Tim Kuniskis, afirmou que a empresa errou ao não oferecer essa opção ao consumidor. O perfil dos clientes mostrou que o Hurricane 3.0 V6 biturbo de 426 cv era competente, mas não substitui o apelo emocional e comercial do HEMI 5.7 V8. Por isso, a Ram decidiu trazer o V8 de volta na linha 1500 do modelo 2026.
O impacto foi imediato, com um volume alto de pedidos nas primeiras 24 horas. Junto com isso, a marca até cancelou o projeto da RAM 1500 elétrica pura por causa da baixa procura por picapes totalmente livres de poluentes na América do Norte. O motor V8 oferece 400 cv e 56,7 kgfm.
Ford Mustang

A Ford também precisou rever sua estratégia de eletrificação, pois tinha planos agressivos para acelerar a migração para os elétricos, mas percebeu que a demanda real do mercado ainda favorece motores a combustão. E então, para equilibrar futuro e tradição, a empresa criou duas divisões independentes.
A Ford Model, cuida dos elétricos, enquanto a Ford Blue ficou responsável por levar os motores a combustão para a próxima era. Essa divisão dá fôlego para que a empresa reorganizasse lançamentos, cancelasse projetos elétricos menos estratégicos e reforce sua presença em segmentos onde o cliente ainda prefere o barulho do motor a combustão interna tradicional.

Dentro dessa filosofia, nenhum modelo representa melhor essa resistência do que o Mustang. O muscle car continua firme com o motor V8 Coyote e segue como o último V8 puro do segmento. A Ford já confirmou que o Mustang não será totalmente elétrico e, no máximo, pode adotar um sistema híbrido no futuro.
No Brasil, a nova geração chegou nas versões GT Performance e Dark Horse, ambas com o 5.0 V8. O Coyote na opção Dark Horse entrega 507 cv e 57,8 kgfm, sempre associado ao câmbio automático de dez marchas.
BMW M4 CS

A BMW é uma das únicas montadoras europeias que segue uma estratégia muito diferente da maior parte das rivais. Isso porque, enquanto algumas anunciaram datas para abandonar os motores a combustão e depois voltaram atrás, a BMW nunca assumiu esse compromisso.
A empresa adota uma postura pragmática e defende que o ritmo da eletrificação deve ser decidido pelo mercado e pela infraestrutura, e não por calendários rígidos.

A política interna conhecida como “power of choice” quer justamente garantir que o cliente tenha opções elétricas, híbridas e a combustão ao mesmo tempo. Por isso, a fabricante investe nos motores seis cilindros e V8, todos preparados para atender normas futuras e compatíveis com hibridização.
A posição dos motores a combustão e a emoção da esportividade que os puristas amam, no caso da BMW, fica concentrada na divisão M da BMW. M2, M3, M4, M5, M8, X5 M e X6 M continuam com motores potentes e sem planos imediatos de eletrificação total.

A própria BMW confirmou em 2024, por meio do diretor de desenvolvimento Frank Weber, que os motores V8 e seis cilindros permanecem no portfólio por causa da demanda forte em mercados como os Estados Unidos.
No Brasil, um dos exemplos é o M4 CS que utiliza motor 3.0 biturbo de seis cilindros em linha com 550 cv e 66,3 kgfm, câmbio automático de oito marchas e aceleração de 0 a 100 em 3,4 segundos.
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