Colocando um fim definitivo à fase Dacia do Brasil, o Renault Boreal é o passo mais importante da marca nos últimos anos. Inclusive, ele é o tipo de modelo que indica um “vai ou racha”. Afinal, os próximos lançamentos da Renault no Brasil dependem de seu sucesso. O bom é que, ao que tudo indica, o Boreal pode ter somente dois problemas no Brasil.
Revelado globalmente no Brasil e na Turquia concomitantemente, o Auto+ teve o privilégio de conhecer o modelo alguns dias antes e que mostra o potencial dele por aqui. Posicionando acima do Duster, o Renault Boreal é o primeiro SUV médio da marca no nosso país, fazendo um papel que o Captur nunca foi capaz por ser simplório.
Plataforma do Kardian e medidas
Ele usa a plataforma RGMP, que é uma derivada da CMF-B usada pela Nissan, Renault e Mitsubishi na Europa. A base é a mesma do Kardian, sendo extremamente flexível e permitindo usar a mesma plataforma de um SUV subcompacto de 4,11 m em um SUV médio como o Boreal de 4,55 m.

Além disso, o Renault Boreal tem 1,65 m de altura, 1,84 m de largura e entre-eixos de 2,70 m. Isso o coloca em um porte intermediário entre os Jeep Compass e Commander. O modelo de cinco lugares da Stellantis tem 4,40 m de comprimento, enquanto o sete lugares chega a 4,76 m.
Entretanto, mesmo com um porta-malas gigantesco de 522 litros, o Renault Boreal é um SUV somente para cinco pessoas. Em conversa com executivos, a marca diz não haver tanto espaço assim no mercado para um modelo de sete lugares, visto que a maioria opta por modelos assim somente pelo porte. E o Renault tem esse tipo de porte.

Motor e câmbio
Debaixo do capô, todas as versões do Renault Boreal usarão motor 1.3 quatro cilindros turbo flex desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz. Ele entrega 163 cv, uma redução frente aos 175 cv que já ofereceu outrora, mas que foi capado por conta do Proconve. O torque é de 27,5 kgfm, o mesmo do 1.3 turbo da Stellantis.
Diferentemente de Duster e Oroch, que usam o motor 1.3 turbo pareado a uma transmissão automática do tipo CVT emprestada da Nissan, o Renault Boreal usa o câmbio do Kardian. Trata-se de um dupla embreagem com sete marchas e carter banhado a óleo. A transmissão é usada até pelo esportivo Alpine A110.

Dados de performance, consumo e autonomia não foram divulgados pela Renault por enquanto. Assim como não sabemos ainda as versões do Boreal e lista de itens de série para além da versão topo de linha apresentada.
Boreal vem muito completo
Sem saber o que a Renault oferecerá para além da versão topo de linha, o Boreal terá acesso a uma lista generosa de itens de série – nunca vistos em modelos da marca feitos no Brasil. Ele tem teto solar panorâmico, porta-malas com abertura elétrica, faróis full-LED com acendimento automático, chave presencial e bancos dianteiros elétricos.

A Renault também afirma que ele contará com 24 sistemas que compõem o pacote ADAS, sem especificar quais serão. Contudo, a marca revelou a presença de frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa com detector de tráfego na contramão, além de alerta de saída segura.
O Boreal ainda conta com seletor de modo de condução, luz ambiente, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, sistema de câmeras 360°, painel de instrumentos totalmente digital, carregador de celular por indução e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Aliás, a central merece um destaque a mais. Ela conta com sistema Android Automotive, no qual integra Google Maps e diversos aplicativos típicos de celular direto na central. É possível, inclusive, baixar novos sistemas para ele. Isso também leva a uma compatibilidade com o mapa na própria central multimídia.
Visual chamativo
Um ponto que a Renault acertou muito no Boreal é o visual. Confesso que ao ser retirado o véu que cobria o carro, soltei um impronunciável palavrão. Há tempos a marca francesa não fazia algo verdadeiramente surpreendente, como é o caso do novo SUV médio. Ao vivo, inclusive, é mais bonito do que nas fotos.

A frente chama atenção pela presença: ela é reta, alta e tem faróis com desenho forte que se integram elegantemente à grade frontal. Apesar de ter prolongamentos nos faróis que descem para o para-choque, não ficou com jeito de Peugeot – ao contrário dos modelos franceses da Renault.
Na traseira, as lanternas finas são elegantes e parecem que se conectariam visualmente se a marca quisesse. Um dos pontos de destaque é a coluna C em plástico cinza que imita aço acetinado, dando elegância e força ao desenho do Renault Boreal. Na versão apresentada, as rodas de liga-leve eram de 19 polegadas e a carroceria em um belo tom de azul.

Cabine bem mais refinada que o padrão Renault
Por dentro, o Renault Boreal entrega um nível de acabamento muito superior ao que a marca já havia apresentado em seus modelos nacionais. Ele não deve nada ao Mégane E-Tech, que é padrão Europa. Temos material macio na parte superior toda do painel e nas portas, além de algumas faixas de material macio em outros pontos.




O couro usado nos bancos, volante e portas é de qualidade bem superior ao Kardian. Além disso, as telas compõem um estilo bem moderno e elegante. O modelo ainda conta com console central alto e envolvente com comandos fáceis na mão. Aqui no Brasil, teremos combinação de detalhes em azul e prata, enquanto na Turquia é tudo preto.

Qual pode ser o problema do Renault Boreal?
Com visual chamativo, interior espaçoso e soluções criativas de design, exitem somente dois pontos nos quais o Renault Boreal pode enfrentar problemas no Brasil. O primeiro, claro, é o preço. Basta ver o efeito negativo que o Nissan Kicks teve ao ter a versão topo de linha por R$ 200 mil com motor 1.0 turbo. Felizmente, o Boreal tem sempre motor 1.3 turbo.
Ele precisa ter pelo menos quatro ou três versões com um bom range de valores para brigar com o Jeep Compass e com o Toyota Corolla Cross. Lembrando que o rival da Stellantis custa entre R$ 189.990 e R$ 296.490, enquanto o japonês fica entre R$ 182.990 e R$ 219.890. Mas a Renault precisa cobrar menos por ter menos prestígio que Jeep e Toyota.

Além disso, sabemos o quão chato o brasileiro é com carros com transmissão de dupla embreagem. É um trauma causado pela Ford com o Powershift e que, mesmo com sistemas completamente diferentes e melhores, ainda há um certo receio nacional. Se o preço for bem acertado e a Renault convencer que o dupla embreagem funciona, o Boreal tende a ser um sucesso.
Você teria um Renault Boreal? Conte nos comentários.


Com certeza
Se passar de 200 mil, já era.
200 mil compraria um Honda HR-V Touring 1.5 turbo, câmbio CVT e baixa desvalorização pesam. E o carro é ótimo. Mas parabéns à Renault faltava um SUV de verdade na marca.
Por incrível que pareça, andei num taxi MEGANE E TECH no litoral gaúcho.
Fora de série!
Tirando de lado o fato de ser elétrico, o que me chamou a atenção foi jeitao dele.
Muito parecido com as palavras utilizadas nessa sua avaliação.
parece ser um excelente lançamento
Vai vender muito. O carro e lindo com uma frente e traseira totalmente diferente. E o preço tem que vir competitivo com os do mesmo porte.
Os usados, depois de cair o preço, poderão ter vendas positivas. Os modelos de entrada se tiverem preços atraentes, poderão ter sucesso. O câmbio pode ser bom, mas porque não uma CVT?
Com certeza.
Minha experiência com meu Kardian Techno (que está com 4 mil km) têm sido sensacional.
Teria um Boreal, com certeza.
Vamos ver se volta as origens, tivemos primeiros carros da Renault no Brasil e vi a qualidade despencando até que nunca mais comprei um….. Ficaram pelados, começaram dar problemas…. Enfim tera de se esforçar muito para ter meu reconhecimento de novo……
Não vi esse carro no site francês da renault. Acho que é gêmeo do bigster da dacia
Com apenas 5 lugares vai ser um grande fracasso…
Os concorrentes dele também tem 5 lugares.
Não trocaria pelo meu corolla cross !
Carro lindo, mas continua sendo um Renault.
Se viesse com preços competitivos tudo bem, mas não virá
Uma pena…mas muito lindo.
Muito bem pensado no estilo e conforto