VW Fusca: por que as gerações novas não fizeram tanto sucesso?

Volkswagen Fusca, Fusca e New Beetle [divulgação]

Existe um carro que todas as pessoas reconhecem na rua de prontidão: o Volkswagen Fusca. Pode ser uma criança que está apresentando a falar ou um senhor idoso já com suas faculdades mentais comprometidas, o besouro alemão é a síntese do charme automotivo sobre rodas. Mas por que seus sucessores nunca conseguiram o mesmo feito?

Todos sabem a história do Fusca. O modelo foi desenvolvido na Alemanha por Ferdinan Porsche a pedido de Hitler e se tornou o grande símbolo automotivo do país. Ele surgiu em 1936 na Alemanha e foi produzido até 2003 no México na mesma geração. Aqui no Brasil sua produção durou de 1959 a 1986, mas voltou em 1993 ficando até 1996.

Era retrô

Mas a Volkswagen tentou retomar o espírito do Fusca em 1994 com o conceito Concept One apresentado no Salão de Los Angeles. Depois, em 1995 o Beetle Concept foi apresentado mostrando que a VW realmente queria trazer o besouro de volta, mas com uma abordagem retrô que entraria na moda alguns anos depois.

Diferentemente do Fusca original que foi pensado para ser um carro de baixo custo, extremamente barato e simples para mover a população, o New Beetle era um Golf em roupa retrô. Ele usava a mesma base do hatch médio, era bem maior, mais sofisticado e não tinha foco no preço, mas sim na experiência retrô.

O modelo foi desenhado como uma interpretação moderna do Fusca, mas com elementos que constituíam seu visual. O teto, por exemplo, era totalmente arqueado, enquanto no Fusca original ele era levemente retilíneo. Arcos de roda bem marcos, como no modelo original, além de faróis e lanternas redondas marcaram o visual.

Novo Fusca não!

Outra grande mudança era o nome. O Fusca original tinha nomes diferentes em cada país no qual era vendido. Eram designações não oficiais, que surgiram como apelido antes de estampar o documento do carro. Mas a segunda geração foi globalizada e vendida como New Beetle.

O original produzido de 1938 a 2003 vendeu 21 milhões de unidades, sendo que o Brasil foi responsável por 3,1 milhões delas foram feitas só no Brasil, o segundo país que mais produziu unidades do modelo no mundo. A Alemanha foi a campeã com 15.444.858 unidades, mas só aqui ele foi líder de vendas por 23 anos seguidos.

É um contraste de números com o New Beetle, que foi produzido de 1997 a 1999 na Alemanha e depois migrou para o México, onde ficou em linha até 2011. Ao todo, foram 1,16 milhões de unidades do New Beetle vendidas no mundo. Uma parcela muito pequena se comparada ao modelo original, que conviveu com ele por alguns anos.

Fusca esportivo

Se a fórmula de um Golf vestido de Fusca, com interior mais apertado e acabamento mais simples não agradou, a Volkswagen mudou tudo na terceira geração. Lançado em 2011, o novo modelo tinha uma missão diferente: ser um Golf mais esportivo. O teto ficou mais baixo e reto, como no Fusca original, além de ter ganho rodas maiores e ficado mais largo.

O estilo mais fofo da primeira geração foi descartado em favor de elementos mais retilíneos e agressivos, para dar ao novo Fusca um ar mais esportivo. Aliás, era o retorno do nome Fusca ao modelo. A Volkswagen decidiu que, ao contrário do New Beetle, esse modelo teria o nome pelo qual o besouro original era chamado em cada país que foi vendido.

Assim, no Brasil virou Volkswagen Fusca, na França era Coccinelle, na Itália foi vendido como Maggiolino, Käfer na Alemanha e Beetle nos EUA em outros países. Ele seguia com base de Golf, a PQ35, mas ganhou motores mais potentes e até variantes especiais como a R-Line (vendida no Brasil) e a aventureira Dune.

Legado de família

Apesar de ser o Fusca mais legal de todos, com mais tecnologia e melhor acabamento, foi o mais fracassado. Vendido entre 2011 e 2019, com produção exclusivamente feita no México, o novo Fusca vendeu só 530 mil unidades. Ou seja, praticamente metade do New Beetle e uma fração do modelo original.

No final das contas, o New Beetle e o novo Fusca falharam na missão de vender tanto quanto seu modelo original por fugirem do posto de carro popular, ou carro do povo como o nome Volkswagen significa. Na prática, Polo, Gol, Lupo e up! foram os verdadeiros sucessores do Fusca na missão de serem os carros populares da marca.