Fiat Toro 2026 mudou onde não precisava | Impressões

Responsável por criar um novo segmento e se tornar a incontestável rainha do mercado de caminhonetes intermediárias, a Fiat Toro é um dos carros mais bonitos já feitos pela Stellantis no Brasil. Ou ao menos era. Porque a mudança visual é polêmica e mexeu justamente onde não precisava.

A estratégia da Fiat com a Toro 2026 foi aproximar o utilitário da nova identidade visual mais quadrada e verticalizada que será usada pelo novo Uno / Grande Panda. Esse estilo retrô entra em substituição às linhas orgânicas e esportivas as quais a Toro inaugurou e influenciou todos os outros Fiat.

O problema é misturar duas identidades visuais tão opostas em um carro. As linhas laterais fortes e ascendentes não combinam com o estilo frontal dominado por linhas verticalizadas e fortes. A traseira ganhou elementos mais quadrados que também não conversam muito com o estilo geral da picape. Ficou feia? Não. Mas a antiga era melhor e essa precisa de tempo para digerir.

O que era bom, ficou

Em compensação, a Fiat Toro 2026 permanece com os bons atributos de antes. Ela é muito robusta para dirigir, tendo a suspensão como grande destaque. Buracos e lombadas podem ser ignorados por ela, que absorve bem os impactos, não os transmitindo para a cabine. É a sensação de um carro que pode ser usado sem dó.

A direção é muito leve, até demais na estrada, onde o centro dela é um pouco morto. Ainda assim, facilita na hora da manobra e combina com a tocada mais confortável que a suspensão tem. Há pouco ruído de vento, mesmo em alta velocidade, além de ser um carro bem agradável na rodovia.

Debaixo do capô, você tem duas escolhas: motor 1.3 quatro cilindros turbo flex com câmbio automático de seis marchas e tração dianteira ou 2.2 quatro cilindros turbo diesel com câmbio automático de nove marchas e tração nas quatro rodas. Cada qual com sua receita e proposta, mas a Fiat Toro 2026 se dá melhor com o diesel.

O 1.3 turbo tem saudáveis 176 cv e 27,5 kgfm de torque, que são suficientes para ela. Só que o câmbio automático de seis marchas parece tocar em outro ritmo. Ele é lento nas trocas, sendo nítido o momento de troca das marchas. Ao menos, consegue manejar bem os momentos de manter a sexta ou reduzir quando precisa na estrada.

A vantagem também é não ter delay de acelerador, ao contrário de vários modelos turbo. Só que a Fiat Toro brilha é com o motor 2.2 turbo diesel. São 200 cv e 45,8 kgfm de torque. O interessante é que ele não ronca como um diesel, tendo uma suavidade exemplar e quase nenhuma vibração. Quem dirige, pode até pensar ser gasolina.

Com esse conjunto, as acelerações são mais fortes e a Toro tem força de sobra. O interessante é que o câmbio de nove marchas trabalha com mais suavidade e velocidade nas trocas, engolindo marcha a marcha. A agilidade nas reduções também é maior, além de tornar a caminhonete mais rápida. Se for escolher somente pelo motor, leve a diesel. Mas a flex entrega a contento.

Era só o que faltava

Uma atualização muito importante que a Fiat Toro 2026 recebeu é o sistema de freio. Agora todas as versões contam com freio a disco nas quatro rodas. Isso também trouxe à caminhonete o tão pedido freio de estacionamento eletrônico. A Toro era o único carro feio em Goiana com a plataforma Small Wide a não ter esse sistema.

Vale lembrar que a plataforma dela é dividida com Jeep Compass, Renegade e Commander, além da Ram Rampage. Todos esses modelos trazem o freio de estacionamento eletrônico e freio a disco nas quatro rodas desde o lançamento. Só faltou o ACC, que ainda não é presente em nenhuma versão.

A reestilização da Fiat Toro ainda trouxe novas cores para os revestimentos dos bancos, além de costuras diferentes. Tivemos contato somente com as versões topo de linha Ranch e Ultra, cada qual com uma temática diferente.

A Ranch tem elementos em marrom, plástico imitando madeira e interior com itens no tom de marrom. Já a Ultra traz acabamento todo escuro, com pequenos pontos e detalhes em vermelho, evocando esportividade. O couro usado no banco e volante de ambas é de boa qualidade.

Há ainda de destacar o painel de instrumentos totalmente digital de 7 polegadas, que teve os grafismos revistos. A central multimídia, que chega a 10,3 polegadas na vertical, tem ótima qualidade também, além de ser fácil de mexer.

O único pecado da Fiat Toro que segue é o espaço interno. Ela é uma caminhonete bem apertada na segunda fileira de bancos. O banco fica reto demais e a área para a cabeça é insuficiente. É um bom carro para duas pessoas e eventuais caronas. Já a caçamba da versão Ultra é fechada com uma cobertura de fibra de vidro que é bem útil.

Veredicto

Com preços que começam em R$ 159.490 na versão Endurance flex e vão até R$ 228.490 na Ranch diesel, a Fiat Toro 2026 traz muitas opções de versões e opções para o consumidor. É um carro muito robusto, com bom acabamento e com boa oferta de itens de série. O visual, contudo, deixa de ser unanimidade como antes.

Só que, no segmento no qual ela está inserida, ou existem modelos mais caros e maiores (Rampage e Maverick) ou menores e menos equipados (Oroch e Montana). Ninguém conseguiu a fórmula da Fiat Toro que, além de ser única, é muito bem feita. Sua liderança está mais do que assegurada por mais uns bons anos.

Você teria uma Fiat Toro? Conte nos comentários.