A Jeep sempre focou no DNA off-road de seus modelos. Mas, de uns tempos para cá, parece que alguns modelos preferem mesmo é focar no asfalto, como é o caso do Jeep Compass. O modelo abandonou as versões diesel e a Trailhawk, que era focada no uso off-road. A Ford viu isso, renovou o Bronco Sport e agora parte para o ataque com o SUV renovado.
Custando os mesmos R$ 260 mil de antes, o Bronco Sport 2026 quer aproveitar o vacilo da Jeep em ter tirado o foco do Compass no off-road para oferecer um SUV completo, potente e valente com um preço competitivo. Afinal, se o Ford custava caro, agora fica entre os R$ 247.990 do Compass S 1.3 turbo e os R$ 272.990 do Compass Overland 2.0 turbo 4×4.
Ronquinho de esportivo ele tem
A Ford fez diversas mudanças no motor 2.0 quatro cilindros turbo do Bronco Sport. Tudo para se adequar à nova regra de emissão de poluentes, mas também para que a curva de torque do SUV médio fosse entregue mais cedo. Só que, honestamente, o que mais me chamou atenção no test-drive do novo Bronco foi o ronco do motor.

Todas as mudanças feitas para deixar o comportamento melhor e emitir menos poluição sem mudar os 253 cv e 38 kgfm de torque fornecidos meio que se apagaram frente à diversão sonora. O ronco dos quatro cilindros te enganam, fazendo parecer ter mais canecos ali do que a Ford diz. Há até um toque sonoro de Mustang. Eu disse um toque, calma.
O barulho agora é mais áspero e rouco, com um leve tom metálico ao fundo que se escuta muito em motores V8 aspirados. Ao mesmo tempo, o espirro do turbo adiciona um toque sutil de esportividade enquanto é possível ouvir nitidamente a aspiração de ar para alimentar o 2.0 turbo a gasolina. Se estivéssemos falando de um Focus ST, seria coerente, mas é um SUV off-road!

Arisco no mundo do delay
Outro ponto é que agora o Bronco Sport está mais arisco. Chamou no acelerador, ele responde na hora, se tornando até um pouco arisco até. Diferentemente de muitos carros que tiveram o mapa de acelerador capado, tornando modelos ágeis em carros que se arrastam para sair da inércia, o Bronco sempre está pronto.
Ele acelera de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos, mantendo os números de antes. Já no consumo, o SUV mantém 8,4 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada – comedido e praticamente idêntico ao Jeep Compass 1.3 (8,8 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada). Lembrando que tudo isso é gerido por uma transmissão automática de oito marchas.

O casamento entre motor e câmbio é sublime, onde a Ford conseguiu fazer o Bronco Sport ter respostas rápidas nas trocas e reduções, ao mesmo tempo em que não há quase percepção de mudança de marchas. Você só sente, de fato, o que está acontecendo quando a tração 4×4 está ligada em modo off-road pois ele segura mais o giro para ganhar força.
Por falar em off-road
Na hora de colocar o Bronco Sport na terra e lama, o que chama atenção é o fato de que o SUV médio faz tudo muito fácil. Ainda que existam modelos mais raíz, como seu irmão Broncão ainda não vendido no Brasil, o Sport usa da eletrônica e de um sofisticado sistema mecânico gerenciado por computador para te fazer pensar ser o rei das trilhas.

Ao deixar o Bronco Sport no modo off-road, é só deixar que ele faça o que sabe fazer. A tração nas quatro rodas é engatada que toda eletrônica trabalha para deixar a trilha fácil de ser enfrentada como um estacionamento de shopping. Agora com proteção extra na parte inferior da carroceria, você pode até enfrentar pedregulhos sem medo.
No asfalto, a direção mais firminha e a suspensão igualmente mais rígida que o padrão da categoria fazem com que o Bronco Sport tenha certo tempero europeu. Como a plataforma é a mesma do Focus, dá para entender as origens. Claro, por ser um SUV alto com pneus de uso off-road, ele não é rápido nas curvas como a Maverick, mas vai bem e confortável.

Mudanças necessárias
Por dentro, a Ford atualizou o Bronco Sport em pontos que se fazem necessários em carros que custam o que ele custa. A central multimídia de 13,2 polegadas é um desses pontos. É rápida e fácil de mexer, trazendo agora Android Auto e Apple CarPlay sem fio. O problema é que o ar-condicionado agora fica conjugado a ela.
A vantagem é ter botões de acesso rápido na parte inferior da tela, contudo, nada melhor do que botões físicos. O painel de instrumentos totalmente digital também foi outra adição interessante no novo Bronco Sport, já que é o mesmo usado por outros modelos da Ford e pode ser visto como referência na categoria pela leitura fácil e funções diversas.
A mudança mais drástica, contudo, foi na troca do interior marrom por cinza em diversos tons diferentes. A cabine ficou mais arejada e elegante assim, facilitando também a combinação com as oito cores de carroceria. A construção é bem feita, cheia de materiais macios, mas também há mais plásticos que o Jeep Compass, além de menos elegante.
No porta-malas de 482 litros, destaque para a abertura separada entre vidro e tampa, além de uma mesinha plástica que aguenta até 13 kg. Ela pode ser usada como divisor de cargas, para refeições ou até para trabalho, visto que tem uma régua na parte inferior. O porta-malas é ainda revestido de borracha para evitar sujeiras.
Veredicto
A comparação ao Compass aqui é inevitável, afinal, ele é o rei do segmento e ditou as regras da categoria por muitos anos. Só que, se antes, o Ford Bronco Sport era caro demais quando comparado ao Jeep, e ainda tinha a desvantagem de não ter motor diesel, agora tudo mudou.
O rival da Stellantis abriu mão de versões off-road e do diesel, algo que o mercado também parece ter esquecido, visto a queda nas vendas de SUVs com esse tipo de motor. Agora, além da capacidade off-road alta, o Bronco Sport tem custo benefício.

Afinal, custa pouco a mais que um Jeep Compass 1.3, mas tem motor 2.0 turbo com performance parelha às versões Hurricane do rival. Razão e emoção agora andam juntas, surpreendentemente.
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