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Coluna do Tio Edu

Carta aberta aos haters de carros elétricos

Carros elétricos são o futuro para muita gente, mas se não é para você, não tem problema. Já dizia sua mãe: "você não é todo mundo"

8 min de leitura

Há algumas semanas que eu não arrumava encrenca. Vinha fazendo até textos comportadinhos, sem polêmicas. Mas convenhamos. O conhecimento emerge após o embate de opiniões divergentes, não? E geralmente em favor dos dois lados. Você não concorda? Antes de sair me xingando nos comentários… só leia até o fim. Xingue depois, se quiser.

Falar bem de carros elétricos em espaços editoriais que sejam frequentados por leitores apaixonados por carros, atualmente, é um pecado mortal. Eu sou fanático por carros. Fiz dessa paixão a minha profissão. Mas eu me permito também gostar de carros elétricos.

Suspeito que essa ojeriza criada contra os BEV´s (Battery Electric Vehicle, ou 100% elétricos) tenha nascido a partir da implicância proferida por novos formadores de opinião, ou influencers, visto que a esmagadora maioria dos consumidores nunca teve a oportunidade de guiar um único exemplar.

Omoda E5 azul de frente
Omoda E5 [divulgação]

Desde que as redes sociais deram voz ativa a esses personagens, irradiando a preferência pessoal dos autores, o mundo automotivo virou de rodas para o ar. Ter o microfone (ou o teclado) às mãos virou sinônimo de poder. E, por vezes, de lacração.

Jornalista é diferente

Note. Falei de formadores de opinião. Não de jornalistas. O segundo time, ao qual orgulhosamente pertenço, originalmente também forma opinião, porém não discrimina nenhuma categoria de carros. Eu posso até não gostar de A ou B. Mas, como jornalista, eu informo. Até opino. Mas não lacro.

Imagem mostra edição especial do GWM Ora 03
GWM Ora 03 Skin Special Edition [divulgação]

Você já leu posts, ou viu vídeos de personagens que odeiam, simplesmente abominam, a ideia de ter energia elétrica como fonte de propulsão para automóveis. Há quem caia no erro de garantir que, em toda a cadeia energética de produção do veículo e extração da fonte de energia, o chamado “do berço ao túmulo”, o carro elétrico até polua mais.

Tenho visto alguns desses personagens de redes sociais com um empenho hercúleo para derrubar a atratividade dos veículos a bateria. No mundo da Comunicação, hoje em dia, opinião virou commodity. O sujeito quer aniquilar carro elétrico porque não gosta. E sai tagarelando a esmo.

BYD Dolphin Mini parado de traseira com árvores ao fundo
BYD Dolphin Mini [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Há também quem dissemine piadinhas pejorativas em direção aos donos de eletrificados de marcas chinesas. Como se não houvesse legitimidade na opção do consumidor. No primeiro trimestre desse ano, esse segmento ampliou as vendas em 33,2%, incluindo-se, aqui, sob licença poética, os híbridos.

Os carros nacionais cresceram 3%. Não fossem competentes, as vendas não seriam tão expressivas.

Chevrolet Spark EUV azul com detalhes pretos, visto de frente e com prédios ao fundo
Chevrolet Spark EUV 2025 [Divulgação]

Calma, cabe todo mundo

Mais de um século atrás, os Ford Modelo T tinham carroceria tipo “Torpedo”, e saíam pintados de preto (a partir de 1915) das linhas de montagem de Henry Ford a fim de baratear o preço final. Mas não levou tanto tempo para que algum gênio, que eu não sei quem foi, descobrisse que “podia ser que alguém gostasse de branco”.

Outros fabricantes perceberam que um carro não precisava ter só quatro portas e teto de lona. Podia ter duas. E não ter teto nenhum. E as carrocerias foram se tornando cada vez mais versáteis, coloridas e diferentes.

Ford Modelo T (Divulgação)

As décadas seguintes comprovaram que carros continuariam sendo carros, fossem eles sedãs, cupês, fastbacks, stations, roadsters, conversíveis, minivans, picapes… até SUVs! Qual o problema, então, de ter uma “alternativa energética” aos motores a combustão?

Elétricos jamais serão unanimidade

Veículos elétricos puros sempre terão um impeditivo natural de se tornarem únicos: a autonomia. Você pode encher as rodovias de carregadores ultra-rápidos, criar baterias sólidas ou aumentar a densidade energética dessas baterias para que, nominalmente, elas apresentem menos kWh e rendam mais quilômetros rodados.

Mercedes-Benz EQS SUV 450+ [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz EQS SUV 450+ [Auto+ / João Brigato]

Ainda assim, as viagens longas continuarão sendo arriscadas. “O mesmo pode acontecer com carro a gasolina: você fica sem uma gota no meio da estrada e o carro para”. Verdade. Só que aí você pega uma carona até um posto, compra um recipiente de 5 litros de combustível, retorna ao carro, usa o funil e… problema resolvido.

Energia elétrica engarrafada… ops, acho que não teremos tão cedo.

Porsche Taycan Turbo GT Pacote Weissach roxo de traseira andando na pista
Porsche Taycan Turbo GT Pacote Weissach [Divulgação]

Ao contrário de rodovias, entretanto, a experiência de rodar no dia a dia das cidades com um carro elétrico é excepcional. Sem brincadeira: a maioria dos críticos de BEVs nunca nem puseram as nádegas em um deles.

E os formadores de opinião que puseram suas respectivas… se escondem atrás de afirmações que não param em pé sozinhas, como a falta de prazer ao dirigir.  Eles têm todo o direito de achar e defender essa ideia. Na minha modestíssima opinião, entretanto, o prazer ao dirigir não está unicamente conectado à potência.

Porsche Macan Turbo branco em uma estação de trem - Porsche Macan sairá de linha
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Se for para considerar somente isso, OK, azar dos haters: o automóvel produzido em série à venda no Brasil com a maior potência é um… adivinhe? 100% elétrico. É o Taycan Turbo GT, que desenvolve até 1.108 cv de potência, com Launch Control e Attack Mode habilitados.

Minha concepção de prazer ao dirigir é a seguinte:

  • Eu tinha prazer ao dirigir o Corsa 1.0 EFI, em 1994, quando foi lançado. Ele era tão mais evoluído que os demais populares da época, que, sim, eu ficava empolgado frente à vantagem tecnológica. Mesmo tendo só 50 cv.
  • Eu tinha (ainda tenho) prazer ao dirigir a Kombi, não só por ser tão diferente, mas também por saber que estou conduzindo algo concebido quase 80 anos atrás que não foi superado até hoje: ela é a forma mais barata de transportar 1 tonelada de carga fechada.
  • Eu tinha prazer ao dirigir o Uno 1.5R, que, por acaso, era o esportivo nacional dos anos 80 menos potente. Mas seu câmbio tinha relações curtas e ele era leve. Logo o desempenho, primoroso.
Volkswagen ID. Buzz e Kombi [divulgação] carros elétricos
Volkswagen ID. Buzz e Kombi [divulgação]

O prazer ao dirigir é diferente

Além de o modelo 100% elétrico ser muito mais econômico no custo por km rodado, você ganha um carro totalmente silencioso, que não tem ruídos, trancos ou vibrações. E eu garanto: a tocada de um carro sob esses ângulos também proporciona enorme prazer ao dirigir.

Experimente você mesmo. Trabalhar com os freios regenerativos para recarregar a bateria nas desacelerações exige uma condução técnica. É uma delícia. E eu nem vou mencionar o torque instantâneo na hora de acelerar.

Novo Audi SQ6 Sportback e-Tron azul estacionado de frente com fundo preto carros elétricos
Audi SQ6 Sportback e-Tron 2025 [Divulgação]

Para quem possui pontos particulares de recarga, seja em casa ou no trabalho, e não dependa de carregadores públicos, o BEV é a melhor solução urbana. É uma alternativa que vale a pena ser experimentada. Mas essa é só mais uma alternativa. Os carros 100% elétricos não serão o caminho único para o futuro da mobilidade nos próximos anos.

O receio de ficar parado no meio da estrada é uma razão que, por si só, já garante a continuidade por longos anos de modelos a combustão.Discursos ecológicos à parte, temos ainda que lembrar que o Brasil é um país onde milhões de pessoas dependem economicamente da cadeia de transformação de cana de açúcar em álcool (não me acostumei com esse troço de etanol…) e temos todo o pré-sal para começar a extrair petróleo.

BMW i7 [Auto+ / João Brigato] carros elétricos
BMW i7 [Auto+ / João Brigato]

Esses dois fatores já inviabilizam qualquer eletrificação maciça como matriz energética sob o ponto de vista macroeconômico. Motor a combustão, no Brasil, portanto, não é só opção. É vocação.

Se você é um sujeito que gosta de motor a gasolina, portanto, calma. Você continuará sendo “abastecido” com muitas opções de mercado no futuro.

carros elétricos

Só não precisa ficar falando mal do amiguinho que optar por algo diferente de você. Respeitar o diferente é o grande barato desses tempos modernos. Combinado?


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10 comentários em “Carta aberta aos haters de carros elétricos”

  1. Marcelo Nunes

    A gente percebe quando é um leigo escrevendo quando ele diz que aqueles que informam corretamente que o carro elétrico é mais poluente do que o movido por motor a combustão estão "caindo em erro". Basta ter estudado um pouco de química , nem precisa ter sido na faculdade de engenharia, para saber fazer um balanço energético.

  2. Luis Gustavo

    Tanto tempo perdido para falar tantas bobagens.
    Você confunde críticos de carro elétrico com críticos de carros elétricos chineses, que estão invadindo o mercado e destruindo empregos, fornecedores nacionais, economias locais, sem compartilhar tecnologia, etc… mentindo que vão construir fábricas aqui, que todo mundo sabe que não vai.
    O seu objetivo é criar polêmica para ganhar engajamento e faturar em cima disso.
    Já está difícil acompanhar esse site com tantas propagandas que abrem na tela, e ter que aturar esse tipo "reportagem" é demais
    Caia na realidade e assuma o papel de um jornalista sério.

  3. -_-

    Carro é modinha. O negócio é andar a cavalo.

  4. Memamaolhando

    E o Tesla? A Matéria n cita tesla porquê? N adianta fingir q n é enviesado e n citar o melhor modelo Elétrico do mundo a Tesla, e elogia merda de BYd neh ? Kkkk Falou q n ia lacrar mas lacrou e feio

  5. Memamaolhando

    Vc estudou e continua burro?

  6. Memamaolhando

    Pior. Fala de carro elétrico e n elogia o melhor, a Tesla q não fabrica nada naquele lixo de país asqueroso que tanto debil mental doente atualmente parece querer viver sob uma ditadura do presidente Ursinho Poohp

  7. Marcus Vinicius

    O brabo é que dependendo do cavalo, é mais caro que muito carro por aí…

  8. Eduardo Pincigher

    Eu só posso citar o que eu conheço. Nunca guiei um Tesla. Lamento. Mas me parece óbvio que ele embarca nas mesmas virtudes (e os mesmos problemas) das demais marcas que têm carros elétricos. Não fica claro isso pra vc?

  9. Eduardo Pincigher

    Quantos carros elétricos chineses vc já guiou?
    Destruindo empregos?? Quantos? Quais? As marcas chinesas têm 2 ou 3% das vendas do mercado interno. Isso destrói o quê? Ter ideologia é uma coisa. Vc tem todo o direito. Mas não passe vergonha, principalmente quando vem questionar a minha seriedade.
    Sem compartilhar tecnologia? Pois duas das principais marcas estão fazendo fábricas no Brasil. Ou vc "não ficou sabendo"?

    Tá vendo a diferença entre jornalista e os "outros"? Vc faz acusações sem qualquer critério. Eu justifico uma por uma.

  10. Eduardo Pincigher

    Estou ansioso para ver suas explicações. Ou vai ficar só na crítica injustificada? Vc quer fazer balanço energético lembrando que um carro popular qualquer, que emita 100 g/km, vai despejar na atmosfera 1,5 ton de CO2 por ano. Ou 30 ton ao longo de 20 anos. Faz suas continhas aí e traga para os "leigos" um volume de emissão de carbono que seja maior do que esse num carro elétrico.

    É cada um que aparece…rs

Os comentários estão encerrado.

Edu Pincigher

Eduardo Pincigher é jornalista formado pela PUC-SP e atua no setor automotivo desde 1989, sendo o autor da Coluna do Tio Edu com textos divertidos sobre o presente e passado do setor automotivo. Com passagens em diversas publicações e montadoras, hoje trabalha como assessor de imprensa e consultor de diversas empresas

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