O governo federal autorizou 15 montadoras a importar veículos elétricos e híbridos desmontados, nos regimes SKD (Semi Knocked Down) e CKD (Completely Knocked Down), com isenção total de impostos por seis meses. A medida, prevista na Portaria Secex nº 420 do dia 31 de julho de 2025, estabelece um teto financeiro de US$ 463 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões) para essas importações e vale até o fim de janeiro de 2026.
A decisão foi a resposta mais recente à disputa entre a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a chinesa BYD sobre a tributação desses kits de montagem. A isenção temporária beneficia marcas já instaladas no país, como Renault, Honda e Hyundai, além de montadoras sem fábrica local, como Kia, Mercedes-Benz, Porsche e Volvo.
Também entram na lista fabricantes que estão prestes a iniciar produção nacional, como é o caso da GWM, em Iracemápolis (SP), no dia 15 de agosto, e a BYD, em Camaçari (BA), ambas com planos de começar com kits importados antes da fabricação completa.

O valor estabelecido de US$ 463 milhões não é um incentivo direto para cada montadora, mas sim a soma total que todas poderão importar sem pagar impostos dentro desse período. Ou seja, cada fabricante poderá trazer seus kits desmontados até que o valor total das operações, somando todas as marcas, atinja o limite fixado. Ultrapassado esse teto, qualquer importação extra volta a ter cobrança de imposto normalmente.
Regimes de montagem
No regime SKD, o carro chega praticamente pronto, mas parcialmente desmontado. Nessa configuração, a carroceria já vem pintada e com o interior instalado, restando apenas a montagem de alguns componentes, como rodas, suspensão e sistemas mecânicos. Essa etapa é feita localmente, geralmente em linhas de produção simplificadas, o que reduz custos e agiliza o início da fabricação no país.
![Audi Q3 nacional [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Audi-Q3-Nacional-1_edited-1200x720.jpg)
Um exemplo de carro que utiliza esse sistema é o Audi Q3, que vem semi-desmontado da Europa e tem sua finalização na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, onde também sai o Q3 Sportback.
Já no regime CKD, o veículo chega totalmente desmontado, em várias peças separadas, como se fosse um Lego. Aqui, a fábrica precisa fazer praticamente todo o trabalho, como soldar a carroceria, aplicar a pintura, montar motor, câmbio, suspensão e todo o interior.

É um processo mais completo e com maior participação de fornecedores locais, aumentando o índice de nacionalização. Alguns exemplos que usam o CKD são o BMW 320i, X1, X4 e X5, na fábrica de Araquari (SC).
Contexto da confusão
A medida veio após o governo negar um pedido da BYD para manter até 2028 tarifas reduzidas para SKD e CKD — 10% e 5%, respectivamente, contra os 20% e 18% vigentes — enquanto conclui a reforma da antiga planta da Ford em Camaçari.

Em contrapartida, foi criada a cota de isenção para todas as montadoras habilitadas, com prazo limitado a seis meses. O presidente da Anfavea, Igor Calvet, classificou o período como “o máximo aceitável sem colocar em risco os investimentos atuais e futuros” das associadas, que somam R$ 180 bilhões já anunciados.
A polêmica escalou depois que Volkswagen, Toyota, Stellantis e GM enviaram uma carta ao presidente Lula pedindo que a BYD não tivesse incentivos extras, alegando que isso prejudicaria a indústria nacional e colocaria empregos em risco.

A resposta da BYD foi bem pesada e chamou as concorrentes de “dinossauros surtando diante da chegada do meteoro”, acusou-as de vender “tecnologia velha e design preguiçoso” e disse que o incômodo não é com impostos ou empregos, mas com a perda de protagonismo para uma marca que “chega oferecendo mais e cobrando menos”.
A BYD reforçou que a operação com kits SKD e CKD é temporária, prevista em contrato com o governo da Bahia, e que a produção completa com 70% de nacionalização começará dentro de um ano e meio. Até lá, a fábrica já terá ampliado sua estrutura, incluindo um novo prédio para montagem integral.
![Fábrica Volkswagen´[divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2024/09/Fabrica-Volkswagen-2_edited-1320x792.webp)
A marca também destacou que outras fabricantes usaram regimes semelhantes no passado e que não estão pedindo privilégio, mas sim adotando um modelo comum no setor para iniciar operações locais.
Você acha que essa medida vai ajudar a baratear os elétricos no Brasil ou só aumentar a briga entre as montadoras? Deixe seu comentário!




tá na cara que a principal medida e pra beneficiar os carros chineses que vão estourar a cota de todos rapidinho