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Honda Accord e:HEV tem consumo de Fit e luxo de Acura | Avaliação

Entre os carros da Honda vendidos no Brasil (ou quase) o Accord e:HEV é o que mais surpreende por todos os lados

Honda Fit
Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]

O Honda Accord cumpre funções totalmente diferentes nos EUA e no Brasil. Por lá, ele é o carro de volume da classe média, fazendo o que o Civic faz (ou melhor fazia) no nosso país e com muito mais unidades vendidas. Já no Brasil, ele foi o primeiro e único carro ecologicamente correto da Honda vendido por aqui.

A frase é no passado porque o futuro do Honda Accord é uma grande dúvida. A marca japonesa suspendeu temporariamente suas vendas por falta de estoque e corre o risco de não voltar. A promessa da japonesa é que ele retorne quando a produção nos EUA for regularizada, mas há chance de que isso não aconteça. Ele era vendido por R$ 299.900.

Mas o que faz do Honda Accord tão especial? Ele conseguiu juntar o luxo dos modelos da Acura, com o visual consagrado do Civic, o espaço do CR-V e o consumo do Fit. Mas e o City? Em comum, eles têm volante, painel de instrumentos e até alguns outros elementos da cabine. Basicamente o Accord é um grande suco de Honda e com o melhor sabor possível.

Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]

Híbrido diferente

Ao contrário de um Toyota Corolla que é híbrido tradicional ou de um Volvo S60 com seu sistema plug-in, o Honda Accord trabalha com uma inteligente sacada da Honda. O motor elétrico funciona a maior parte do tempo e deixa o 2.0 a gasolina entrar em ação só quando ele é mais eficiente que o elétrico ou para carregar as baterias.

Basicamente o 2.0 quatro cilindros aspirado de 145 cv e 17,8 kgfm de torque não fica ligado às rodas. Ele funciona como gerador para o sistema elétrico e só entra em ação por meio de embreagens em momentos de maior eficiência do motor a combustão frente ao elétrico, como na estrada. O elétrico ainda pode reduzir seu esforço e baixar o consumo ainda mais.

Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Na cidade, porém, o 2.0 trabalha como usina de geração de energia elétrica para o motor de 184 cv e 32,1 kgfm de torque. Isso faz com que o ronco do motor não seja condizente com o que o caro está fazendo – causa estranheza no começo, mas acaba por se tornar uma parte divertida da condução do Accord.

Essa combinação interessante aproveita ao máximo a vivacidade do motor elétrico na cidade e em saídas, que o Honda se mostra bastante ágil. Já na estrada, o motor a combustão fica um pouco xoxo e fraco para retomadas mais fortes. Não tem o mesmo desempenho que o antigo 2.0 turbo, que era bem divertido.

Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
A compensação está no consumo: segundo a Honda, o Accord faz 17,6 km/l na cidade e 17,1 km/l na estrada. Durante nossos testes, o sedã grande ficou com média de 16,6 km/l. Com isso, a autonomia supera os 800 km tanto na cidade, quanto na estrada.

Para chegar aos bons números de consumo, é preciso usar bastante a função regenerativa acionada pelas borboletas atrás do volante. Mas que irritantemente sempre voltam ao modo mais brando quando baixa de 10 km/h ou ao acelerar por um certo tempo.

Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Honda Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]

Civicão

Além de parecer com um Civic de grande porte, o Accord se comporta a contento nas curvas. E isso não é uma crítica. Muito pelo contrário: o sedã médio da Honda, que não é mais produzido no Brasil, sempre foi uma enorme referência de dinâmica entre os carros com tração dianteira. O Accord, que é maior que ele, respeita esse legado e faz por merecer.

A suspensão durinha copia boa parte do que se passa no asfalto, mas não chega a ser desconfortável – é mais gostoso de conviver que um Mercedes-Benz Classe C, por exemplo. Isso faz dele um engolidor de curvas. Junto a isso está sua direção rápida, direta e pesadinha na medida certa. Apontou, o Honda vai.

Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
É um comportamento que faz ele bom de curva e também bom na estrada: ventos laterais não o abalam e, mesmo em velocidades altas, ele mantém estabilidade invejável. O rodar é silencioso, mesmo em ruas esburacadas onde a suspensão não reclama como nos sedãs premium.

A impressão que o Honda Accord passa é verdadeiramente de um carro posicionado em sua faixa de preço. Com o bônus de ser maior que rivais diretos como BMW Série 3, Audi A4 e Mercedes-Benz Classe C. Afinal, ele tem 4,88 m de comprimento, 1,86 m de largura e 1,45 m. Medidas, as quais, não são transmitidas na hora de dirigir: ele não anda como a barca que é.

Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
O que o Civic não tinha, mas o Accord sim é uma lista enorme de itens de série. Os principais destaques vão para piloto automático adaptativo com sistema de manutenção em faixa, faróis full-LED, frenagem autônoma de emergência, teto solar, ventilação nos bancos dianteiros, partida remota, câmera no retrovisor direito e ar-condicionado digital de duas zonas.

Nos pequenos detalhes

Comparativamente ao trio alemão, o Honda Accord quase não fica devendo em acabamento. Ele se posiciona em qualidade em algo melhor que o antigo Mercedes-Benz Classe C que saiu de linha, no mesmo nível de um Audi A4, mas abaixo do BMW Série 3 e, principalmente, do Volvo S60.

Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Accord Touring e:HEV [Auto+ / João Brigato]
Há muito material macio ao toque na cabine, em especial nas áreas em preto. Contudo, uma faixa plástica central deixa muito a desejar pela fragilidade do material e por ser extremamente áspera – parece algo que estaria em um Honda City de entrada. Fora isso, os encaixes são precisos e os materiais usados no restante da cabine enchem os olhos.

Um dos pontos altos é a ergonomia. A Honda sabe fazer cabines em que tudo seja muito fácil de ser operado. Há ajuste elétrico nos bancos com direito a memória para o motorista. Volante ajusta em altura e profundidade e é revestido em um couro de qualidade verdadeiramente premium.

Mas o grande destaque no quesito ergonomia vai para o câmbio por botões. Em geral, esse tipo de operação é pouco intuitiva e difícil, mas a Honda fez uma sequência lógica e botões que são pressionados de maneira diferente, como a ré é acionada ao puxar o botão. Fácil, prático e elegante.

Central multimídia tem botões práticos na lateral, mas isso fez com que ela ficasse pequena demais, com muita borda e pouco aproveitada no painel. O layout também é antiquado e parece ter pelo menos uns 10 anos da mesma maneira. Ao menos é rápida, tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Há também carregador de celular sem fio.

Painel de instrumentos parcialmente digital tem diversas funções que sobrepõem parcialmente o medidor de força (que substitui o conta-giros). A qualidade é ótima e mal dá para notar que o velocímetro não é digital. Pontos também pela inclusão de comandos físicos para o ar-condicionado – algo raro hoje em dia.

Vale destacar ainda o espaço mais que generoso na traseira, com área para as pernas esticarem com facilidade e boa região para a cabeça – mesmo com perfil de cupê. Porta-malas de 574 litros também é um show à parte. Pena que para dobrar os bancos o processo seja totalmente atrapalhado.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Não existe nada nessa faixa de preço do Honda Accord que faça números de consumo tão absurdamente bons quanto o dele. Híbridos plug-in chegam lá, mas com preço bem mais alto. Além disso, para ter o espaço desse sedã, só em marcas de luxo com modelos acima dos R$ 400 mil. O conjunto do Honda é imbatível em termos de espaço, custo-benefício e consumo.

Contudo, ele entra em uma faixa na qual o status é muito importante. Dificilmente o brasileiro, que ama comprar carro para impressionar o vizinho, perderá a oportunidade de ostentar um BMW em favor de um Honda. Outro agravante é que as vendas estão suspensas. A vida do Honda Accord no mercado é extremamente espinhosa, apesar de ser um excelente carro.

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