Essa suspensão...

Fiat Titano: uma divergência de um legado | Impressões

Embarcando no sucesso da Strada e da Toro, Fiat Titano tenta abocanhar mercado de caminhonetes médias em franca expansão no Brasil

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Demorou, mas finalmente a Fiat tem uma caminhonete média para chamar de sua no Brasil. Baseada na Changan Kaicene lançada em 2019 e na Peugeot Landtrek de 2020, a Fiat Titano tem como missão repetir o sucesso de Strada e Toro. Mas, diferentemente das irmãs, existem pontos bastante sensíveis.

Coração de Ducato

Debaixo do capô da Fiat Titano reside o motor 2.2 quatro cilindros turbo diesel da Ducato. Na van são 140 cv e 34,7 kgfm de torque, enquanto na caminhonete são 180 cv e 40,8 kgfm de torque. A grande questão é que a média da categoria entrega 200 cv e torque mais alto.

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Na prática, essa falta de força fica nítida na hora de andar com a Fiat Titano. Ela não acelera forte, mostrando que o 2.2 está um pouco abaixo da linha do suficiente. Lembra bastante o Peugeot 208 com motor 1.6, que entrega quase o que é preciso, mas fica sempre a sensação de que falta um fôlego.

Na ficha técnica, a Fiat registra 12,4 segundos para atingir os 100 km/h. Isso não é suficiente para colocar a Titano na lista dos carros mais lerdos do Brasil e ela ainda é mais rápida que a Nissan Frontier S, vale ressaltar. No consumo, são 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/ na estrada — números dentro da média.

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Pareado ao motor de Ducato está a transmissão automática de seis marchas. Nesse primeiro contato, não pudemos dirigir a Fiat Titano manual. Com a caixa de seis marchas, a picape tem trocas suaves, mas um pouco lentas nas respostas de uma pisada mais forte no acelerador.

De Peugeot para Fiat

Na transição de Peugeot Landtrek para Fiat Titano, a Stellantis mexeu em todo conjunto de suspensão, direção e até nos bancos. As alterações visam trazer mais robustez à picape, ao mesmo tempo que a aproxima do estilo de condução que o brasileiro gosta. Mas, ainda há um pouco de arroz com feijão que ela precisa comer.

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Começa pela direção, que tem assistência hidráulica, não elétrica como rivais mais modernas. Ela tem uma certa folga ao centro, além de ser mais leve do que deveria, fazendo com que não haja tanta confiança em dirigir a Titano em altas velocidades. Além disso, por ser leve, ela devolve muito do que se passa nos pneus.

Seguindo a mesma lógica, a Fiat Titano tem suspensão bem mole. A dianteira pula bastante, enquanto é nítido o sacolejo lateral da caminhonete em momentos em que ela enfrenta asfalto ruim ou superfícies esburacadas. Faz lembrar muito o comportamento de caminhonetes antigas que pulavam excessivamente.

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Ao menos a Fiat Titano é robusta. Ao passar por diversos buracos e enfrentar até pedras no caminho, ela aguentou sem reclamar, ainda que devolvesse o impacto diretamente aos passageiros com chacoalhos. É uma robustez que faz sentido dentro da gama Fiat e que existe em Strada, Toro e fez a fama da marca entre picapes.

Traços modernos

Olhando externamente, a Fiat Titano tem muitas características de Peugeot e alguns elementos semelhantes a outros modelos. É uma caminhonete verdadeiramente bonita, mas falta a forte personalidade que a marca italiana tem em seus designs, especialmente se considerado o estilo disruptiva que a Toro tem.

Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]
Fiat Titano Ranch [Auto+ / João Brigato]

Por dentro, a Fiat Titano tem acabamento puramente de Peugeot. Os plásticos duros presentes no interior são bem feitos e bem alinhados, com texturas semelhantes às do 208. Os botões tipo piano também são iguais aos da marca francesa, mas é fruto de ser um Stellantis. 

O espaço interno é bom, com bancos elétricos na dianteira para motorista e passageiro. Atrás, as pernas ficam um tanto quanto altas, mas a distancia para o banco da frente e boa. Há ainda dois porta-objetos abaixo do assento e ganchos nos encostos dianteiros para pendurar bolsas e sacolas.

Mas, existem dois pontos críticos no interior da Fiat Titano. O painel de instrumentos é analógico e tem uma tela colorida na parte central de definição apenas ok e poucos recursos. Já a central multimídia é bem lenta e confusa de mexer. Isso porque a Stellantis é referencia em painel de instrumentos digital e central multimídia.

Mas, para a Titano, ao invés de usar a central do 208 ou do C3, a marca optou por um recurso semelhante ao usado na China. O mesmo vale para o painel de instrumentos. Mas isso são itens fáceis de mudar, especialmente porque agora a marca tem o controle total do projeto da picape.

Veredicto

Considerando que a Fiat Titano parte de R$ 219.990 e vai até R$ 259.990, ela está posicionada um pouco acima do que deveria no mercado nacional para ser de fato competitiva. O custo de operação da picape é baixo, assim como o fato de haver muita concessionária Fiat a ajudará muito.

No final do dia, a Fiat Titano será uma caminhonete que venderá bem para licitações e clientes PJ. Na planilha, faz muito sentido. Já para o consumidor final, falta substância, potência, melhorias urgentes de suspensão e de direção. Como ferramenta de trabalho cumprirá seu papel. Mas, para quem usa picape como automóvel, falta. 

[Auto+ / João Brigato]

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