Em 2015, comprei um dos primeiros Volkswagen up! TSI e fiquei com ele por seis anos. Desde que a VW o tirou de linha, insistentemente busco por um modelo que seja tão divertido e simples quanto esse subcompacto. Minha esperança era de que Polo TSI fosse assim. Não é. Aí veio o Volkswagen Tera TSI manual. Será que agora vai?
A fórmula é basicamente a mesma do up! TSI: um motor 1.0 três cilindros turbo de 116 cv e 16,8 kgfm de torque pareado a já conhecida e bem feita transmissão manual de cinco marchas. No Polo, a versão TSI manual, que já morreu, tinha uma performance ok, mas não a mesma dinâmica apimentadinha do up!. O Tera, por ser mais jovial, poderia entregar isso.
Mas não é o que acontece. Ainda que também seja subcompacto, o Tera é um SUV, o que o torna essencialmente bem maior e mais pesado do que o up!, sendo maior até que o Polo. Todavia, é o acerto que a Volkswagen foi obrigada a fazer, por conta das leis de emissão de poluentes mais exigentes, que tornaram o modelo menos divertido.

Até aí, tudo bem
Um dos pontos que mais me incomodou no Volkswagen Tera TSi manual é que o motor 1.0 turbo parece morto até 2.500 giros. Em diversas saídas, pensei que eu havia errado o ponto da embreagem e por isso o carro saia tão vagarosamente. Mas não, foi uma opinião compartilhada com outros colegas jornalistas.
Depois de vencida essa barreira, ele ganha velocidade fácil e reage. O up! TSI, por outro lado, já era um carro aceso desde o primeiro trisco no acelerador. Entretanto, não deixa de ser um carro bem divertido, com motor entregando força suficiente para uma boa performance.

Além disso, o câmbio manual de cinco marchas é uma arte que a Volkswagen dominou há um bom tempo. Ele tem engates curtos e precisos, além de ser instigante trocar de marcha. Pena que a quinta ficou muito curta, fazendo a rotação ficar alta na estrada (3 mil giros em 100 km/h).
No up! TSI, a quinta era tão longa, que não era possível engatar na cidade, fazendo com que ela fosse uma marcha para estrada, garantindo melhor economia. Claro que a comparação com o hatch de tampa preta é injusta, visto que são modelos para segmentos diferentes. Mas em questão de tocada esportiva de dirigir, o Renault Kardian é mais instigante.

É um clássico Volkswagen
Entretanto, algo que o Tera inegavelmente é melhor do que o Volkswagen up! TSI é a habilidade de fazer curvas. Isso é tudo fruto da bem nascida plataforma MQB-A0, que confere a ele uma rigidez de carroceria muito nítida e uma sensação forte de solidez. Ele parece um carro muito robusto e roda entregando isso.
O up! era pequeno demais e leve para fazer curvas fortes, além de ter rodas pequenas. Isso fazia com que ele saisse quicando em estradas mais sinuosas. Já o Tera, gruda no chão e vai com todo ímpeto. Mesmo na versão TSI com calotas de 16 polegadas, ele é mais estável e esportivo. Temos ainda direção com peso sentido e supensão firminha.

A grande vantagem de ter pneus mais grossos é que o Tera TSI cai em um buraco sem medo e não reclama. É a mesma escola de robustez do Gol, que sempre foi usado sem a menor dó durante toda a sua vida no Brasil. Ainda assim, consegue ser confortável sem penalizar os passageiros com sua pegada esportiva.
Simples, mas não simplório
Algo que chamou atenção do Volkswagen Tera TSI é que seu interior é bem mais refinado do que o Polo TSI manual que saiu de linha. Enquanto o seu irmão era uma versão de entrada mais básica com um conjunto mecânico divertido, o SUV subcompacto foi trabalhado para que essa variante apele para os que querem o câmbio manual, não uma versão pelada.

Por isso, ele tem vários componentes internos iguais aos do Tera Comfort. A faixa de tecido das portas e do painel é bem semelhante, mas o tecido dos bancos é um pouco mais simples. O volante tem revestimento em couro, o que ajuda a tirar a cara de versão de entradão.
Some isso ao fato de que ele conta com painel de instrumentos totalmente digital e central multimídia VW Play com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Ambas as telas tem ótima qualidade e tornam o modelo manual mais atraente. Pena que o ar-condicionado é analógico e sem opção de digital, nem como opcional.

As únicas economias verdadeiramente vistas estão no banco traseiro. Ele conta com encostos de cabeça fixos, não há saídas USB como nas versões mais caras e as portas não tem tecido (sendo trocado por uma textura igual à do Chevrolet Onix). O porta-malas leva bons 350 litros.
Itens de série
A lista de equipamentos de série do Tera TSI manual é bem completa. Ele já sai de fábrica com frenagem autônoma de emergência, seis airbags, painel de instrumentos totalmente digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, faróis full-LED, piloto automático, sensor de ré, vidros elétricos nas quatro portas e retrovisores elétricos.

Veredicto
A busca por um carro turbo manual tão divertido quanto o up! TSI segue. Não foi o Polo, nem mesmo o Tera. Mas ele pode ter potencial para se tornar tão popular quanto o subcompacto foi. Afinal, boa parte da fama que o tampa preta teve foi por conta das modificações feitas nele. Um pequeno VW que se tornou o Subaru Impreza dos brasileiros.
Com apelo bem mais jovial e até mais sofisticado do que o Polo, o Tera TSI pode se tornar o novo queridinho dos modificadores e apelar para um público que compra o carro e se torna fiel a ele por anos. Afinal, esse é o objetivo da Volkswagen ao colocar o SUV subcompacto na mesma prateleira de Fusca e Gol.

O único problema é que, por R$ 116.990, ele já esbarra em concorrentes mais equipados e automáticos. Considerando que o mercado não absorve muito bem carros manuais com esse valor, a popularidade do Tera TSI manual pode ser bem mais difícil do que a VW gostaria.
Você teria um VW Tera manual? Conte nos comentários.