VW Tiguan 2024 não é mais o que costumava ser

Dentro do segmento de SUVs médios, o Jeep Commander é o parrudo e off-road, o CAOA Chery Tiggo 8 é o único híbrido plug-in e o Volkswagen Tiguan era o mais rápido e com atributos de condução de hatch. Mas o delay de quase três anos para lançar o Tiguan reestilizado cobrou seu preço de R$ 278.990.

Enquanto uma nova geração do modelo de cinco lugares foi apresentada na Europa, por aqui seguimos com o estilo que foi apresentado em 2020 na variante curta. Só que o atraso grande se deu por conta da homologação do motor 2.0 TSI quatro cilindros turbo, que precisou perder força para se adequar às novas regras.

O Tiguan antes tinha 220 cv e 35,7 kgfm de torque, passando agora a 186 cv e 30,6 kgfm. Ou seja, perdeu 34 cv e 5,1 kgfm. Isso fez com que sua potência se equipare agora ao Jeep Commander flex, que entrega 185 cv em um 1.3 quatro cilindros turbo. A Volks rebate a mudança com redução de consumo de combustível e de CO².

Na prática, tivemos o Tiguan acelerando de 0 a 100 km/h em 9 segundos, ficando 2,2 segundos mais lento que antes. Na hora de acelerar, isso é muito nítido. O SUV sai se arrastando, mantendo o giro baixo por alguns segundos antes de começar a empolgar. Não é mais um canhão como outrora foi.

A grande questão é que o Tiguan segue bom de retomadas. Depois de sair da inércia, qualquer aceleração necessária faz com que os velhos tempos desse SUV da Volkswagen sejam lembrados. Além disso, ele é do tipo de carro que gosta de trafegar em velocidades mais altas, sendo acima dos 120 km/h sua velocidade de conforto.

Troca justa, mas lenta

Uma das alterações positivas que a Volkswagen fez no Tiguan 2024 foi tirar o câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas para dar vez a um automático tradicional de oito marchas. Ele demora para trocar de uma marcha para a outra, mas faz rápidas reduções e entende os momentos de segurar aquela marcha.

A vantagem da mudança é que um câmbio mais robusto e menos suscetível a quebras, além de que o brasileiro ainda é preconceituoso do com dupla embreagem. O demérito é que isso fez com que o Tiguan perdesse a tração 4Motion nas quatro rodas. Na prática, isso não comprometeu tanto sua dirigibilidade.

O Volkswagen Tiguan segue um SUV muito bom de tocar forte. Ele se comporta como um hatch grande, inclinando pouquíssimo a carroceria nas curvas e se mantendo estável. Mesmo no limite, os pneus cantam pouco e ele segue firme contornando forte uma curva quase como um Golf. A direção é bem direta e com peso extra típico da VW.

Aprendam, irmãos

Um dos pontos nos quais o Tiguan se destaca muito e segue como referência é o acabamento interno. O SUV traz toda parte superior do painel com revestimento macio, além de parte da porta. É um nível de refinamento que faz com que qualquer outro SUV da VW no Brasil, incluso o ID.4, passe vergonha.

O nível de refinamento é tanto que as portas tem um bolsão inferior acarpetado, enquanto o porta-objetos na parte superior do painel é revestido em um veludo digno de uma caixa de joias. Couro do volante e dos bancos também vai além do que outros modelos da Volkswagen apresentam tipicamente.

Espaço interno é farto para quem se senta à frente e na segunda fileira. Destaque para a presença de bancos dianteiros com aquecimento e resfriamento. Até mesmo o carona tem regulagem de altura para seu banco, o que é algo raro até em carros caros. Na segunda fileira, bancos correm sobre trilhos e contam com encosto reclinável.

Já o fundão é muito apertado. O piso é bem alto, enquanto o teto é baixo. Pessoas de pequena estatura e até crianças podem se apertar ali, mas ainda terão como viajar. Já pessoas altas não devem se arriscar. O porta-malas leva bons 686 litros, mas só quando a terceira fileira está desarmada.

Veredicto

Se você é dono de um Tiguan antes da reestilização, vai se decepcionar com o novo modelo. Toda aquela força que outrora o SUV teve, não existe mais. Mas, ele ainda segue como único SUV de sete lugares que é verdadeiramente prazeroso de dirigir. Segue como um carro para a família cujo motorista ainda quer diversão ao volante, não apenas ter um meio de transporte grande.