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SKD: o que é esse regime que BYD e Chevrolet vão usar no Brasil?

Montagem parcial de veículos virou estratégia de montadoras para escapar de impostos, mas abriu uma guerra entre BYD e fabricantes tradicionais

4 min de leitura

A Chevrolet anunciou na última segunda-feira (8) que o SUV elétrico Spark EUV vai ser montado no Brasil, em Novo Horizonte (CE), antiga fábrica da Troller, de forma SKD. Isso significa que o modelo chega parcialmente montado da China e passa apenas pela finalização em território nacional. 

Dessa forma, a GM consegue se esquivar de parte dos impostos federais sobre carros elétricos importados. A prática é comum entre diversas montadoras e recentemente foi alvo de uma briga que envolveu a BYD e quatro fabricantes gigantes do setor, inclusive a própria GM.

Como funciona o SKD

No regime SKD (Semi-Knocked Down), o carro chega ao Brasil praticamente pronto, mas ainda faltando etapas finais para ser considerado produzido aqui. Ele vem em grandes módulos já montados na origem, como carroceria completa e pintada, interior já instalado, sistema elétrico e motor encaixados. 

Audi Q3 nacional [divulgação]
Audi Q3 nacional [divulgação]

O que não é feito fora são as últimas partes, como instalação de rodas, pneus, bateria de alta voltagem, alguns periféricos e a calibração final.

É como receber um móvel de fábrica quase inteiro, só precisando apertar alguns parafusos para que fique funcional. O objetivo não é nacionalizar grande parte da produção, mas sim atender as exigências mínimas que deixem o carro enquadrado em uma categoria de imposto mais baixo.

E o CKD?

Fábrica da GWM na linha de montagem com Haval H6
Fábrica da GWM [Divulgação]

O CKD (Completely Knocked Down) vai além. Nesse modelo, o carro chega totalmente desmontado, peça por peça, e a fábrica nacional é responsável por montar tudo — motor, carroceria, bancos, pintura. Isso oferece mais empregos, movimenta a cadeia de fornecedores locais e, em geral, traz incentivos fiscais maiores. 

A BYD, por exemplo, anunciou que começará no Brasil em regime SKD, mas promete migrar para CKD em Camaçari (BA) em até um ano e meio, quando sua fábrica estiver pronta.

Incentivos do programa Mover

Chevrolet Onix [divulgação]

O governo federal vem estimulando esse tipo de operação com o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), que substituiu o Rota 2030. O Mover prevê até R$ 19 bilhões em créditos fiscais até 2028, além de descontos no IPI e exigências ligadas a descarbonização, conteúdo reciclado e eficiência energética. 

A ideia é incentivar que montadoras produzam no Brasil e não apenas importem veículos prontos. Porém, mesmo SKD e CKD já se enquadram em parte desses benefícios, o que causa incômodo em empresas que investem pesado em fábricas completas há décadas. E foi justamente isso o motivo da briga.

A treta com a BYD

Linha de montagem da BYD em Camaçari (BA) com Song Pro cinza
Linha de montagem da BYD em Camaçari (BA) [Divulgação]

Em julho, GM, Stellantis, Volkswagen e Toyota enviaram uma carta ao presidente Lula pedindo o fim dos incentivos para carros montados via SKD e CKD, alegando concorrência desleal. A resposta da BYD veio afiada, chamando os rivais de “dinossauros surtando diante da chegada do meteoro”, e acusou de vender tecnologia ultrapassada, bem como o consumidor brasileiro sempre foi o último na fila da modernidade. 

O governo acabou não aceitando o pedido das tradicionais e manteve o plano original: os impostos de importação vão subir gradualmente até 35% em 2028, mas para SKD e CKD o teto foi antecipado para janeiro de 2027, justamente para frear a marca chinesa.

Quem já usa SKD ou CKD no Brasil

BMW X5 PHEV é primeiro híbrido plug-in produzido no Brasil na linha de montagem
BMW X5 PHEV [divulgação]

Além da Chevrolet e BYD, outras montadoras usam esse sistema de montagem, como é o caso da Audi com o Q3 no Paraná, que adota a forma SKD. Já a BMW usa o modelo CKD para o Série 3 e X1, enquanto o X5 é montado em Araquari (SC) com menor índice de nacionalização. A GWM também vai utilizar o regime CKD na sua fábrica de Iracemápolis (SP) para produzir o Haval H6, Haval H9 e a picape Poer.

E você, concorda com os incentivos do governo federal para carros montados no Brasil ou devem ser produzidos por total em território brasileiro? Compartilhe sua opinião!


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3 comentários em “SKD: o que é esse regime que BYD e Chevrolet vão usar no Brasil?”

  1. Mário Ricardo Barreiros

    É tudo um absurdo!! Estes desgoverno admitem estas barbaridade!! Só deveria a indústria se instalar no Brasil produzindo TUDO aqui, nada de CKD OU SKD. Até produzir ao longo do tempo que eles dizem o Brasil já perdeu o bonde do desenvolvimento. É lastimável!!

    • Jeferson

      Regime CKD é válido para fábricas de automóveis recém-implantadas, nos três primeiros anos de operação, tempo em que se desenvolve e certifica fornecedores locais. Algo que a GWM irá fazer, por exemplo. O que não deveria acontecer é algo como a Caoa, em Anápolis, que monta carros há muitos anos, mas sequer com 20% de conteúdo local.

      Lembrando que nem na China existem montadoras com 100% de conteúdo local.

      Agora o regime SKD é muito ruim. Não desenvolve fornecedores, praticamente não tem nenhum conteúdo local, nem mesmo linha de pintura, sem gerar potencial de empregos ou desenvolvimento de novos negócios.

  2. Pedro

    Skd é golpe.

    A indústria automotiva começou via ckd no Brasil. Pode ser válido usar esse caminho novamente

    E nos anos 1960 não éramos tão defasados quanto nos 80 e 90.

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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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