Há muito tempo se discute sobre a viabilidade de ter um carro elétrico como único na casa. Aqui no Auto+ já avaliamos diversos carros elétricos, assim como testamos a autonomia de quatro modelos até o limite. Mas e na vida real: como é viajar com um carro elétrico? Já adianto: é possível, mas é uma ideia péssima. Se prepare para o perrengue.
Para colocar essa situação a prova, escalei um dos carros elétricos com maior autonomia à venda no Brasil e mais espaço interno para lidar com uma viagem para as montanhas. O BYD Tan foi escolhido para um final de semana em Campos do Jordão com cinco pessoas saindo de Campinas, interior de São Paulo.
Um trajeto de 323 quilômetros é fichinha a autonomia de 437 km do BYD Tan. Mas o mundo real não é tão perfeito assim. Afinal, o GPS buga e te faz errar o caminho, um dos passageiros mora longe e precisa ser buscado, a carga extra de pessoas, ar-condicionado ligado a todo tempo e os 940 litros do porta-malas preenchidos com malas atrapalham na autonomia.
O ponto chave
Mas se um carro como o BYD Tan consegue te levar a uma viagem com autonomia sobrando e com diversão ainda por cima, por que viajar com um carro elétrico ainda é uma ideia de jerico? Simples: estrutura. Se você sair de casa com um carro a combustão na reserva, não precisará de muitos quilômetros para encontrar um posto de combustíveis.
O único rápido existente na cidade é disputado a tapa, especialmente por motoristas de Uber que alugam um Nissan Leaf e não têm onde carregar. Carregadores mais lentos existem em shoppings, mas pagos, enquanto os dos supermercados feitos em parceira com a Volvo estão todos quebrados. Até os da BYD que ficam em locais públicos também estão deteriorados.
Perrengues de uma viagem
Se com um carro a combustão existe um posto de combustível a cada esquina, com os elétricos não é igual. Campinas já mostrou que é uma cidade pobre nesses recursos e Campos do Jordão é ainda pior: existem só dois carregadores em toda a cidade. Um fica em um supermercado e é lento, outro dentro de um hotel. A solução seria carregar em casa.
Contudo, em São José dos Campos, próximo a Campos do Jordão, havia mais um carregador, que poderia ser o sopro de esperança. Pena que, novamente, estava ocupado. Dessa vez por um Fiat 500. Tive de largar meu jantar na mesa e sair correndo para colocar o BYD Tan para carregar ao ver o subcompacto verde saindo do local de carregamento e não ter meu lugar furado por outro Nissan Leaf.
A volta exigiu novamente uma parada no mesmo eletroposto que salvou a autonomia na ida. Dessa vez ele estava vazio, por sorte. E coloca sorte nisso: os pontos de carregamento quase sempre estão com algum carro plugado e é algo que demora a ser feito. Muita gente larga o seu veículo carregando por horas. E sempre há apenas uma tomada.
![BYD Tan [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/07/BYD-Tan-26-750x450.jpg)
Outra realidade
Viajar de carro elétrico nos EUA ou na Europa é outra realidade, especialmente se você tiver um Tesla. Isso porque a marca norte-americana conta com pontos de carregamentos espalhados por muitos locais e por quilômetros a fio. Além disso, o eletroposto tem estações para 5 ou mais carros, não um ou (quando muito) dois no Brasil.
Se você planejar uma viagem passando por um corredor elétrico no Brasil, pode até conseguir chegar ao final, mas sempre haverá um carro carregando. Pode contar com isso ou com muita sorte. Os carros elétricos estão se multiplicando no Brasil, mas a estrutura não. Um posto de gasolina na rodovia conta com, muitas vezes, 10 bombas. Um eletroposto na rodovia? Uma tomada, duas no máximo – mas uma delas será de carregamento lento.
Pense bem, faça as contas e tenha planos A, B, C e Z para carregar um carro elétrico em uma viagem. É possível sim, mas você vai passar por vários perrengues e vai demorar mais do que qualquer um gostaria. Felizmente, a culpa não é do carro.
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Legal a reportagem. Em fevereiro pensei seriamente em pegar um Volvo elétrico, mas já tinha notado essa limitação da infraestrutura pra viagens. Acabei pegando uma Subaru Forester híbrida, que provavelmente será meu carro pelos próximos 10 anos (como foi minha Forester anterior, rs). Quem sabe o próximo possa ser elétrico.
Legal a reportagem informando as dificuldades de se ter carro elétrico no Brasil. Mas só deve comprar/usar quem tem estrutura, casa com tomada, sistema fotovoltaico e principais locais que anda com recarga disponível. Roubar energia do condomínio e ainda ficar reclamando não vale. Se não pode andar com carro elétrico, ande com carro a combustão.
Dura realidade a falta de estrutura para veículos elétricos.
Desculpe meu ceticismo, mas carro elétrico é uma furada, vou esperar os carros hidrogênio da Toyota.
Foi e voltou… não ficou na mão e ainda economizou no mínimo 500,00 de combustível com uma boa dose de emoção. Só planejar certinho que dá certo. Só fazer a viagem num raio de 3/4 da autonomia máxima com um local de pernoite com tomada para carregar overnight. Pra mim valeu.
Caro Joao, parabéns pela matéria, precisamos de mais matérias assim até para tomar conhecimento de novas tecnologias e serviços.
Mas tem um ponto que vou discordar, os recarregadores da Volvo não estão todos quebrados e não são em todos os Shoppings que existem cobrança.
Possuo um veículo elétrico e consigo me adaptar perfeitamente sem perrengues, lógico que precisa de planejamento prévio.
Mas todos os recarregadores da Volvo que usei estavam excelentes, e até hoje não fui cobrado em nenhum Shopping que frequentei.
Seria bom depois uma matéria demonstrando os pontos que possuímos de recarga e suas situações e infraestrutura.