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Avaliação: JAC T60 aposta em porte de Compass ao preço de Renegade

Como no mundo dos jogos, apostas significam alguns riscos, mas também podem trazer benefícios inegáveis como prova o JAC T60

JAC T60 [Auto+ / João Brigato]
JAC T60 [Auto+ / João Brigato]

Foi-se o tempo em que era necessário falar dos carros chineses como algo à parte do mundo automotivo. Ou explicar o quanto eles evoluíram. Faz tempo eles já atingiram o patamar dos carros nacionais e agora seus acertos são maiores que seus erros, que se tornaram sutis. Por isso é a última vez nessa avaliação que citarei que o JAC T60 é chinês.

Apostando forte em custo-benefício, ele só não é o SUV médio mais barato do Brasil por causa de outro chinês (ok, essa será a última vez): o CAOA Chery Tiggo 7 que recentemente voltou a ser vendido na versão de entrada T.

JAC T60 [Auto+ / João Brigato]
JAC T60 [Auto+ / João Brigato]
Por R$ 115.990 na versão avaliada Pack 3 (já que a Pack 2 de R$ 111.990 é raridade nas concessionárias e não compensa), o JAC T60 tem preço de Jeep Renegade intermediário, mas tamanho de Jeep Compass. Ou seja, um SUV médio de verdade que custa o mesmo tanto que um SUV compacto. Mas vale à pena?

Fartura

Uma das características mais apreciadas no segmento de SUVs médios é o espaço interno, algo que o JAC T60 leva muito à sério. A cabine é generosamente grande, com espaço para cinco pessoas com conforto. O banco traseiro merece destaque por ser confortável, ter ótimo espaço para os joelhos e cabeça, além de um assento grande.

JAC T60 [Auto+ / João Brigato]
JAC T60 [Auto+ / João Brigato]
O porta-malas é igualmente bem servido, levando até 650 litros – mais que seus rivais com porte semelhante. Mesmo maior por dentro, a diferença máxima nas medidas para o Compass não passa de 3 cm: no JAC são 4,41 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,66 m de altura e entre-eixos de 2,62 m.

Mas essa vastidão de espaço não seria atraente o suficiente se o interior não fosse minimamente refinado. Não há tanta superfície macia ao toque quanto no Jeep, mas o acabamento do T60 é caprichado. A porção frontal do painel é revestida de uma macia imitação de couro, assim como boa parte das portas.

Há plásticos duros pela cabine, mas bem montados e de textura agradável. Os encaixes não apresentaram irregularidades e o uso de couro de qualidade nos bancos e volante impressionou pela boa sensação que passa. Destaque para o visual horizontalizado e com uma elegante faixa preto brilhante.

Vacilos bestas

Mas nem tudo são flores na cabine do JAC T60. A marca cometeu alguns vacilos pequenos, coisinhas bestas, mas suficientes para irritar no dia-a-dia. Como o sistema de ar-condicionado, que é bonito e vistoso, mas não conta com botão para ventilação automática e a temperatura não é controlada por graus, mas sim por um desenho na central multimídia.

[Auto+ / João Brigato]
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Outro ponto é central multimídia, que tem uma tela de definição boa, com gráficos bem montados e tamanho ideal. Mas não traz Android Auto, nem Apple CarPlay. Além disso ela é ridiculamente lenta. São segundos perdidos a cada toque de um botão, como se ela fosse um computador da época do Windows 95.

Ergonomicamente também a JAC cometei dois vacilos com o T60. Custar mais de R$ 100 mil e ter somente regulagem de altura no volante é inadmissível. Já o banco com ajuste elétrico faz o serviço pela metade: tem regulagem de altura e distância elétrica, mas o encosto é manual.

[Auto+ / João Brigato]
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Por fim, o painel de instrumentos totalmente digital traz uma boa definição de tela e gráficos interessantes, mas o tamanho do diplay é pequeno. Ele conta com três modos de visualização diferentes, mas somente no mais tradicional o conta-giros não apresenta um delay absurdo entre o giro do motor subir e o gráfico mudar.

Senhor conforto

Apesar do Turbo escrito em sua lateral direita em letras garrafais, o JAC T60 não tem pretensões esportivas, muito pelo contrário: ele preza pelo conforto e sabe muito bem como fazer isso. A suspensão é macia e absorve bem as imperfeições do asfalto sem deixar o SUV balançar com o vento. Só peca por ser muito barulhenta em asfalto ruim.

[Auto+ / João Brigato]
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Já a direção é anestesiada e confortavelmente leve, mostrando que esse é o tipo de SUV para encarar vários quilômetros sem cansar. Aliás isso é algo que o T60 consegue fazer com tranquilidade pois é bem econômico. Com motor 1.5 quatro cilindros turbo de 168 cv e 21,4 kgfm de torque ele fez 15 km/l na estrada e ficou próximo a 12,5 km/l na cidade durante nossos testes.

Essa frugalidade tem como grande estrela a transmissão automática do tipo CVT. Ela não simula marchas, entregando performance linear ao JAC. Mas é rápida nas respostas do acelerador e faz o motor acordar rapidamente.

[Auto+ / João Brigato]
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O câmbio entende os momentos de descida e aumenta o giro para fazer valer a função de freio-motor, enquanto mantem a rotação baixa mesmo na estrada para economizar gasolina. Só há um porém: até 2.500 rpm, a transmissão é barulhenta em sua atuação. Após essa faixa, o som do motor invade a cabine.

Vai ser a condução mais esportiva e emocionante entre os SUVs? Não, mas o T60 entrega sem frustração. Ele é suficientemente ágil e esperto, tanto na cidade quanto na estrada. Até mesmo nas manobras, onde as transmissões CVT costumam ser mais imprecisas, o JAC não vacila.

[Auto+ / João Brigato]
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Custo-benefício matador

A grande virtude do JAC T60 está em sua lista de equipamentos. Por R$ 115.990 traz teto solar, bancos revestidos em couro, luz diurna de LED, faróis com acendimento automático, sensor de ré, câmera 360° (muito útil, mas com definição péssima), chave presencial, central multimídia, painel digital, lanternas traseiras de LED, roda de liga-leve e piloto automático.

Comete um pecado grave ao oferecer somente os obrigatórios airbags duplos, enquanto rivais já contam com pelo menos quatro bolsas de ar. Não há mais outros sistemas de segurança ativa como oferecem outros SUVs médios, fazendo com que esse seja um pecado grande do T60. Ao menos tem seis anos de garantia.

[Auto+ / João Brigato]
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Em termos de design ele carrega a nova linguagem visual da JAC e foi o primeiro carro produzido sob supervisão da Volkswagen. O estilo é moderno e chamativo, mas um tanto quanto poluído na lateral. Segue a tendência dos SUVs com teto que permite pintura contrastante e lanternas conectadas.

Veredicto

O JAC T60 é uma grande aposta no mundo dos SUVs. Entrega muitos equipamentos de série, cabine exemplarmente espaçosa, acabamento bom e visual moderno pelo preço de um SUV compacto. Não é o carro mais emocionante de dirigir, algo que um tanto quanto recorrente nessa categoria, nem o mais robusto.

Contudo, o JAC T60 demonstra qualidades para coloca-lo como uma compra a se considerar nessa categoria. Comete vacilos pequenos que mostram que a marca ainda precisa se atentar aos detalhes, mas ainda assim é o melhor JAC que se tem hoje no mercado. Só fique de olho na desvalorização que, infelizmente, é cruel com esse carro.

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