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Land Rover Range Rover: um exagero, até no nome | Avaliação

Luxuoso, confortável e capaz no off-road, Land Rover Range Rover tem um nome enorme e uma grande lista de atributos

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Ícones automotivos são construídos com o tempo. E a Land Rover vive até hoje à base de dois modelos com nomes e legados muito fortes: Defender e Range Rover. Mas há de convir que o topo de linha da marca é que melhor a define hoje. É o carro de muitas celebridades e o que deu origem a uma família de SUVs. Mas tem motivo para tanto?

Para entender o porquê de um modelo com um nome tão gigantesco fazer tanto sucesso há anos, além de ser referência em um segmento, levei o Land Rover Range Rover First Edition 3.0 MEHV para um teste. Sim, o nome ocupou duas linhas assim como seu preço ocupa mais casas decimais que minha conta já viu: R$ 1.388.950.

Impressões erradas

Uma das coisas mais interessantes de se surpreender com um carro é a quebra de expectativas. Quando solicitei à Land Rover o Range Rover para testes, ainda não sabia de que versão se tratava. Ao pegar o carro e me deparar com o silêncio absurdo à bordo e a linearidade de entrega de torque, pensei se tratar do híbrido. Mas que engano.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Debaixo do capô do modelo avaliado está o motor Inegenium 6 cilindros em linha biturbo diesel. Sim, diesel. Nada de híbrido – ainda que ele use sistema semi-híbrido de 48V com um minúsculo motor elétrico no lugar do alternador e do motor de partida. É assustador o que a Land Rover conseguiu fazer em termos de isolamento.

Ele não passa qualquer tipo de vibração e o som só é escutado do lado de fora, enquanto quem está dentro é capaz de ouvir os pensamentos do passageiro do lado ao invés do ronronar do diesel. São dois fatores que contribuem para isso: isolamento acústico a níveis obsessivos e o bom balanceamento do motor.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Outro ponto que surpreendeu é o quanto o motor trabalha entregando torque o tempo todo e sem engasgos. Tal qual um híbrido ou elétrico, ele entrega força total a qualquer momento de pedal e giro de motor. Pisou, ele responde instantaneamente e começa a ganhar velocidade. Mesmo sendo uma jamanta de 2.429 kg.

Lorde da coroa

Outro ponto no qual o Land Rover Range Rover manda bem é na transmissão. A caixa automática de oito marchas trabalha com trocas extremamente suaves e imperceptíveis. Esse é outro fator que ajuda na impressão de se tratar de um híbrido, não de um SUV diesel.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

A suavidade da transmissão é seguida pela suspensão. Com sistema pneumático e ajuste de altura em quatro níveis, o Range Rover roda com muito conforto e solidez. Só que as rodas de liga-leve grandes (23 polegadas) com pneus 285/40 devolvem pancadas secas ao passar por um buraco.

Temos ainda uma direção elétrica bem comunicativa. Ela passa bons feedbacks do asfalto e tem calibração voltada ao conforto, mas sem ser leve demais ou boba. Interessante é que ele tem eixo traseiro esterçante e direção bem direta, o que faz com que manobras sejam fáceis e rápidas de serem feitas.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Prova disso, é que o SUV tem diâmetro de giro de 11 m, contra 12,9 m de uma Fiat Toro. Isso porque o Range Rover tem 5,05 m de comprimento e 2,04 m de largura. Ou seja, um carro verdadeiramente muito grande, mas que consegue estacionar mais fácil que uma picape de porte relativamente próximo.

Tecnologia a favor

Graças ao seu sistema semi-híbrido e o advento do diesel, o Range Rover é econômico, mesmo para a jamanta que é. Durante nossos testes, o modelo marcou média de 11,9 km/l no ciclo misto cidade e estrada. Oficialmente, a Land Rover declara 11,3 km/l na estrada e 9,5 km/l na cidade.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Outro elemento da tecnologia que o ajuda muito são os sistemas de condução semi-autônoma. O Range Rover traz frenagem autônoma de emergência , piloto automático adaptativo e sistema de manutenção em faixa com funcionamento bem calibrado e orgânico, além de alerta de ponto cego e de tráfego cruzado.

A extensíssima lista de itens de série ainda engloba teto solar panorâmico, ar-condicionado digital de quatro zonas, porta-malas com abertura elétrica, todos os bancos com regulagem elétrica, aquecimento e massagem, junto a chave presencial, farol alto adaptativo e sistema de som Meridian de alta fidelidade.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Há de notar também o sistema Terrain Respose que, ao deixar em automático, faz todo o trabalho de selecionar tração e modos de condução sem que o motorista se dê ao trabalho. Levei o SUV em ruas de areia alagada e ele as enfrentou como se fosse um asfalto levemente molhado no centro de Campinas. 

Palácio da Bethinha 

Se por fora, o formato quadradão e brutamontes sugere um interior rústico como o do Defender, por dentro, o Land Rover Range Rover seta um novo patamar de refinamento para os SUVs. A cabine é luxuosa em níveis obsessivos a ponto de que até o parasol é revestido em couro. Inclusive, ele é duplo.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Temos couro bege no teto e em todos os cantos do carro. Nas portas, o que não é couro, é imitação de madeira ou metal, salvo raros pedaços de plástico em partes como os botões de comando dos vidros e espelhos. O volante também é revestido em couro, mas com cor preta nas bordas para evitar sujeiras constantes.

Na nova geração, o modelo recebeu painel de instrumentos totalmente digital de alta resolução e com diversos tipos de personalização. A central multimídia com tela curva também tem definição ótima, mas seu funcionamento é lento e constantemente trava. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]
Land Rover Range Rover First Edition [Auto+ / João Brigato]

Um dos mimos mais interessantes para os passageiros dianteiros é a presença de uma geladeira no console central, capaz de quase congelar uma bebida. Os porta-objetos sempre são revestidos em um carpete bem fino e macio, mostrando o nível superior de refinamento do SUV.

Sala vip, mas apertada

Uma das coisas que mais me chamou atenção no Land Rover Range Rover é o contraste entre a falta de espaço na traseira com o cuidado e regalias que quem senta lá atrás têm. O SUV pode ser enorme, mas o espaço na segunda fileira é pior do que de muito SUV de pequeno porte.

Há alguns fatores que contribuem para isso. Primeiro são as duas telas grudadas no banco dianteiro, as quais ficam afastadas demais e ocupam uma área que seria do passageiro. Some isso ao fato de que os bancos são enormes e que o traseiro é deslocado para a frente por conta dos sistemas elétricos.

Explico: o banco da segunda fileira pode ser reclinado a ponto de manter o passageiro direito quase deitado. Mas não chega perto do que o BMW i7 faz. Eu, com 1,87 m sei que não sou padrão para medidas, mas mesmo no modo com mais espaço possível, minhas pernas ainda ficavam dobradas e desconfortáveis.

[Auto+ / João Brigato]
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A compensação vem pelo nível de conforto e pelo fato de haver muitas regalias ali. O Range Rover traz console central eletricamente rebatível com uma tela de comando para diversos sistemas. Além disso, conta com cortinas nas janelas traseiras com possibilidade de comando das duas por um dos lados.

Atrás, o porta-malas tem absurdos 1.050 litros. É todo revestido em carpete grosso de qualidade e conta com uma divisória prática que permite separar o porta-malas em duas sessões. O estepe está presente ali dentro com roda de 23 polegadas. Há ainda comandos elétricos para dobrar os bancos.

[Auto+ / João Brigato]
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Veredicto

O nome Land Rover Range Rover First Edition 3.0 MHEV pode ter um dos maiores nomes da indústria automotiva brasileira. Mas, no final das contas, é algo que faz sentido, visto que é coerente com o tamanho de suas qualidades e refinamentos. É um ícone britânico tão grande quanto a Rainha Elizabeth.

Extremamente luxuoso, com uma dirigibilidade surpreendentemente suave e até mesmo econômico, ele só peca na (sem sentido) falta de espaço na fileira traseira. Mas, se é a ponta mais alta do luxo que você quer, só que sem abrir mão da aptidão off-road, o Range Rover é uma escolha óbvia.

[Auto+ / João Brigato]
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