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Carros brasileiros que nasceram a partir de outros modelos

Engenharia de emblema não é uma arte internacional, o Brasil já teve diversos exemplos de carros nascidos em outro berço

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Volkswagen Santana e Ford Versailles [montagem: Maurício Garcia]

Na primeira parte desse especial sobre Engenharia de Emblema, revelamos como e porque uma marca vende carros de outras montadoras como se fossem seus. Dessa vez vamos um pouco além e explorar os ocorridos no Brasil, que são muito mais comuns do que se pensa. O exemplo mais famoso, talvez, seja a Autolatina.

Emblema Latino

Criada em 1987 e dissolvida em 1995, a parceria entre Ford e Volkswagen visava o desenvolvimento de carros pelas duas marcas. Baixar custos era essencial para a sobrevivência de ambas, em tempos em que as importações eram proibidas, por isso juntaram forças. Mas o que se tornou foi uma grande festa da engenharia de emblemas.

O primeiro resultado desse casamento foi o Volkswagen Apollo em 1990. Nada mais era que um Ford Verona com rodas diferentes, lanterna traseira fumê e logotipo VW. Ninguém se convenceu muito sobre a ideia, por isso o Apollo durou só dois anos. A segunda tentativa da Ford e Volkswagen em um projeto comum surgiu em 1993 com mais diferenças.

Nascido Volkswagen Passat na Europa e convertido em Volkswagen Santana no Brasil, o sedã médio ganhou linhas Ford e passou a ser vendido como Versailles. Ele surgiu para substituir o Del Rëy e tinha dianteira e traseira bem diferente das usadas no Santana. Era uma engenharia de emblema Disfarçada, ao contrário da Preguiçosa do Apollo.

Havia também a perua Ford Royale que ironicamente foi vendida somente com duas portas para não concorrer com a Volkswagen Quantum. Essa estratégia foi repetida com mais carros, especificamente quando os alemães Logus e Pointer foram lançados. Eles eram baseados na segunda geração brasileira do Ford Escort, a quinta internacional.

Enquanto o Verona tinha quatro portas, o Logus tinha duas. Já o Escort era vendido com duas portas e o Pointer com quatro – tudo para que não concorressem entre si. Chegava quase a ser uma engenharia de emblema Oculta, mas a lateral era igual entre todos os carros. Depois disso, Ford e Volkswagen voltaram a atacar com engenharia de emblema, a alemã vendia o Polo Classic que era um Seat Cordoba diferente e a americana trouxe o Territory, nascido a partir de um carro chinês

Chevrolet e a troca

Só que se a Autolatina foi uma das mais emblemáticas porque o brasileiro via o trabalho de engenharia de emblema, a que mais fez uso disso foi a Chevrolet. Por anos a linha nacional da marca era constituída totalmente por carros da Opel com emblema da Chevrolet. Carros que, inclusive, jamais foram vendidos como Chevrolet fora da nossa região.

Para facilitar ainda mais as coisas, o logotipo da Chevrolet no Brasil ficava dentro de um circulo cromado – algo que nunca aconteceu lá fora. Era para diminuir o esforço na inserção do logo da marca americana em carros da Opel, os quais contavam com esse círculo. Foi assim com Corsa, Astra, Vectra, Meriva e Zafira.

Tudo bem que a Meriva teve desenvolvimento nacional e depois foi usada pela Opel e o Brasil foi responsável pela criação do Corsa Sedan e da Montana – mas todos eram projetos originais Opel. Houve também o Omega, que era originalmente um Holden Commodore. As coisas só mudaram com a chegada do Agile, onde os produtos passaram a ser genuinamente Chevrolet.

Convivência mútua

Depois da Autolatina, não havia mais casos de modelos feitos a partir de engenharia de emblema convivendo junto dos carros originais. Até que em 2012 o então grupo FCA resolveu trazer isso de volta. Como o Dodge Journey vendia bem e a Fiat queria elevar seu ticket médio, pegou emprestado o SUV de sete lugares e lançou o Freemont.

Ele é o primeiro e único SUV de sete lugares da Fiat e era um belo exemplo de engenharia de emblema Preguiçosa. Afinal, Journey e Freemont só se diferenciavam pelos logotipos e grade frontal modificada. O desenho no modelo Fiat era extremamente genérico e não conversava com o design dos modelos da marca na época. O que havia de diferente entre eles era motor.

Anos depois, com o casamento com a PSA para a formação da Stellantis, surgiu a Peugeot Partner Rapid, que nada mais é que uma Fiat Fiorino com logo francês. Mas isso será discutido em mais detalhes na parte 3 desse especial na próxima semana. Afinal, as vans são as maiores representantes quando o assunto é engenharia de emblema.

Lembra de mais algum exemplo de engenharia de emblema feita no Brasil? Conte nos comentários.

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