Ao escrever a lista de carros injustiçados pelo público que se superaram nas vendas lembrei conversa que tive recentemente com um amigo do setor. Nesses anos de experiência no mundo automotivo, aprendi uma lição: não importa o que o jornalista fale, muitos consumidores já te ouvem sabendo o que vão comprar.
E por já saberem o que querem, te ouvem apenas para obter uma validação da própria vontade. Que fique claro que isso não é uma crítica, achamos até divertido. Tem uma coisa que você e eu sabemos: compramos carro por pura paixão, mas tentamos justificar com a razão.
O leitor automotivo fala tudo na lata. Doa o que doer. Se nós dizemos que o Jeep Renegade 1.8 é o suficiente para a cidade, vocês dizem que ele é manco na estrada. Se dizemos que ele é manco, vocês dizem que ele compensa com muitas outras qualidades. Acontece que nós estamos aqui para dizer o que o carro é, e vocês para dizer o que querem de um carro.
E nem sempre uma crítica do jornalista não quer dizer que um carro não é uma boa compra, assim como uma crítica do consumidor não significa que não vai comprar o carro. E é exatamente por isso que faz tanto sentido que esses cinco carros injustiçados pelo público deram a volta por cima e se superam nas vendas. Então, vamos a lista.
5 Carros injustiçados, mas que venderam que nem água
1º Jeep Renegade 1.8
Qual dono de Jeep Renegade 1.8 nunca ouviu uma piada sobre o seu carro atire a primeira chave de roda. Por isso o escolhemos para representar o primeiro carro injustiçado pelo público, mas que se superou nas vendas. Do portfólio atual da Jeep, o Renegade é um dos modelos que mais remete ao DNA original da marca. Por isso, suas linhas quadradas e faróis redondos ganharam tão facilmente os consumidores no Brasil.
Então, por que ele é motivo de tantas alfinetadas? A culpa é do motor 1.8 que não entregava exatamente o que o público esperava, por isso ganhou fama de manco, enquanto o motor 2.0 era o queridinho. Quer dizer, queridinho até a página dois, pois eram as versões 1.8 responsáveis por 90% das vendas. Graças a elas o Renegade teve um sucesso inquestionável nas vendas.
2º Fiat Toro
A Fiat Toro foi responsável por quebrar vários paradigmas no mundo das picapes. Embora, a Renault Oroch ter sido a pioneira na criação da categoria picape média no Brasil e também a primeira picape com estrutura monobloco. Características que foram rejeitadas pelo público. Logo em seguida chega a Toro com os mesmos atributos. Mas enquanto a Oroch caiu no limbo das picapes, a Toro vendia mais e mais.
O apelido “picape de shopping” não impediu a picape da Fiat de conquistar cada vez mais consumidores que desejavam um veículo com caçamba, mas com o conforto de um carro de passeio. Até então, as características rechaçadas pelo público das picapes grandes, se tornaram as características desejadas por consumidores de outros segmentos. E foi assim que a Toro superou as críticas e deu a volta por cima nas vendas.
3º Hyundai HB20 e Creta – Segunda geração
O visual da segunda geração dos irmãos Hyundai HB20 e Creta deram o que falar, por isso eles estão na lista de carros injustiçados pelo público. O design mais descontruído, com elementos com formatos menos geométricos e mais orgânicos ou até mesmo fragmentados como era o caso do SUV da Hyundai não caíram no gosto do público.
A rejeição foi tamanha que levava a crer que os modelos sofreriam quedas drásticas nas vendas. Só que o desfecho foi surpreende, com HB20 e Creta entre os líderes dos seus segmentos. Esse é um daqueles casos que podemos aplicar o velho ditado “quem desdenha quer comprar”.
4º Toyota Etios
O Toyota Etios é o patinho feio que morreu sem virar cisne (e como queríamos que ele tivesse virado cisne). Apesar do Etios ter passado toda sua existência sendo criticado pela sua aparência desestimulante, ele tinha qualidades que o faziam se destacar significativamente nas vendas, como a ótima reputação da sua marca, a mecânica confiável, o bom espaço interno e motor 1.5 para quem quisesse um desempenho mais interessante.
5º Honda Fit
Saudades, Honda Fit. Saudades! Se tem um carro que faz falta no nosso mercado, esse cara é o Honda Fit. Ele fez tanto sucesso, que talvez muitos não lembrem que ele já foi injustiçado um dia. Mas foi e muito. Acontece que o Fit chegou sem encaixar em nenhum segmento. A carroceria mais alta e o interior espaçoso não lembravam um hatch, mas também não tinha o porte necessário para um SUV e não se encaixava entre as minivans
O Honda Fit era o Honda Fit. E era exatamente o que uma parcela considerável do público procurava: um carro compacto por fora, mas com espaço para família (e até para pequenas mudanças). O desempenho discreto e o preço elevado também eram alvo de críticas, mas ele era um Honda, e um dos Hondas mais acessíveis.
Isso fazia com que as pessoas pagassem o preço e o levassem para casa felizes da vida. E foi aí que o Fit surfou na crista da onda, nadando de braçada em um mar que só ele dominava. A moral da história de hoje é que algumas críticas são apenas percursoras de um sucesso que está por vir (que final bonito). Pois é amigo do Auto+, não é só de dados técnicos que se vive uma redação de carros, as vezes nós também acordamos um pouco mais poéticos.
Lembrou de outros carros injustiçados, mas que arrasaram nas vendas? Conte para nós nos comentários.
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