Há cerca de um mês publiquei um texto aqui no site do Auto+ dizendo que a estratégia da Renault com Bigster e Symbioz não fazia sentido. Mas nada melhor do que o tempo e uma segunda olhada para analisar melhor a situação. E a real é que a Renault está tentando reinventar as peruas usando os SUVs.
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Essencialmente uma perua nada mais é do que um hatch com porta-malas esticado. Ou um sedã com o terceiro volume coberto por vidro, fazendo com que a área de cargas seja maior. A ideia desse tipo de carro é oferecer uma área de cargas maior sem alterar o restante do carro, sempre mantendo dianteira e portas frontais iguais.
Pense em modelos como Fiat Weekend, que era a perua do Palio e compartilhava tudo com o hatch. Ou na Volkswagen Parati, que era apenas um Gol com porta-malas maior. São raros os exemplos, mas existiram peruas gigantescas com dois lugares a mais no porta-malas. Contudo, nos dias de hoje somente minivans e SUVs adotam sete lugares.
SUV perua?
Se a lógica de uma perua é ser a versão com mais porta-malas de um hatch ou de um sedã, tecnicamente a Renault está reinventando o segmento usando SUVs. Afinal, o Bigster nada mais é que um Duster com porta-malas maior. Nenhuma alteração além disso. A lógica é a mesma do Symbioz, que é baseado no Captur.
Os dois SUVs da Renault não contam com sete lugares, como é esperado de uma versão alongada de qualquer SUV. Isso aconteceu com, por exemplo, quando o Jeep Compass se tornou o Commander, ou com o Hyundai Creta, que deu origem ao Grand Creta, também chamado de Alcazar em alguns mercados.
Para efeito de comparação, o Duster conta com 4,34 m de comprimento, 1,81 m de largura e a altura é de 1,69 m. Já o porta-malas leva 667 litros contra 475 litros do Duster. É uma melhoria substancial de 192 litros. Já Symbioz é 14 cm mais longo que o Captur, chegando a 4,41 m. O porta-malas é de 624 litros no Symbioz com os bancos deslizados para a frente, marcando exatos 132 litros extras em relação ao Captur.
Gosto europeu
Se as peruas deixaram de fazer parte da realidade do Brasil, na Europa a situação é bem diferente. Os habitantes locais estão se voltando cada vez mais para os SUVs, mas as peruas não deixaram de existir. Elas são particularmente populares na Alemanha, por isso a grande quantidade de marcas alemãs que ainda produzem esse tipo de modelo.
A estratégia dos SUVs perua da Renault pode ser justamente para captar esse público. Afinal, se os SUVs normais já substituíram os hatches e os SUVs cupês têm invadido o território dos sedãs, essa nova variante de SUV esticado pode ser o último prego no caixão das peruas.
Você acha que a ideia da Renault de fazer SUVs peruas é certeira ou não faz sentido?
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